05/08/2009

Ainda sobre créditos de carbono e energia eólica

Durante o evento Power Future 2009, a respeito de energias renováveis, ocorrido em Fortaleza no fim de junho, o superintendente de gestão do PROINFA, Sr. Sebastião Florentino, foi questionado sobre o gestão dos créditos de carbono de projetos enquadrados no PROINFA. Sua declaração foi, em linhas gerais, a seguinte: "Os créditos de carbono não são da ELETROBRÁS, pertencem ao consumidor." Quando questionado o porque de a ELETROBRÁS não ter registrado nenhum projeto até o momento informou que o mercado de créditos de carbono é muito volátil e, por isto, decidiu-se não registrar projetos pois o custo para o desenvolvimento poderia ser maior que o montante de créditos de carbono obtidos. A pergunta a fazer é: quantos projetos do PROINFA poderiam ter se viabilizado se o incremento de receitas através de créditos de carbono fosse permitido? Ainda: Como a ELETROBRÁS não investiu em projetos para transformar estes créditos em receita financeira, que benefício o consumidor obterá?
Felizmente para o próximo leilão de energia eólica não haverá restrições para exploração de CER(Créditos por emissões reduzidas) nestes projetos. Se cumprir-se a expectativa em torno de 1.000 MWmédios no próximo leilão de energia, teríamos emissão reduzida de aproximadamente 2,7 milhões toneladas de CO2 por ano (números de 2008) a partir de 2012.
No evento também foi citada a grande participação de China e Índia em projetos de créditos de carbono, principalmente com energia eólica. O fato é que 1 MW de energia eólica gerado nestes países, cuja matriz energética é mais suja, vale mais créditos de carbono do que o equivalente gerado no Brasil, onde a participação de energias renováveis é maior. Aliado a outros fatores isto permitiu o grande crescimento da geração eólica observado nestes paises. Conclusão: o Brasil é penalizado por ter a matriz energética mais renovável.
Dentre os negócios com potencial para projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, a geração a partir de fonte eólica é de longe um dos mais aceitos pelo UNFCCC. A liberação para o desenvolvimento de projetos de MDL (ou similares) já é uma realidade. Ainda faltam entraves burocráticos a serem resolvidos. É preciso acelerar o ritmo de mudanças para garantir que o Brasil seja parte importante nesta combinação de geração de desenvolvimento sustentável e compromisso com a preservação do planeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário