02/08/2013

EPE quer leilão de linhões de eólica ainda em 2013

Está demorando demais! Vejam a matéria de Maria Domingues para o Jornal da Energia.

Segundo Tolmasquim, estudos técnicos já foram feitos e encaminhados para o MME

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, afirmou nesta quinta-feira (01/08), em evento realizado em São Paulo, que o primeiro leilão de linhões de transmissão para usinas eólicas pode acontecer ainda em 2013.

De acordo com Tolmasquim, a EPE já enviou para o Ministério de Minas e Energia (MME) todos os estudos técnicos necessários. "Pegamos os cadastros de todas as eólicas que constam na EPE, vimos quais são as regiões de maior demanda, a equipe de transmissão fez estudos para cada área, não para atender 100%, porque não dá para entrar tudo de uma vez, mas quantidade suficiente para entrar no leilão. Já mandamos para o Ministério e agora estou fazendo sugestões para que possamos leiloar ainda neste ano", disse.

Os estudos da EPE abrangem os estados do Nordeste e do Rio Grande do Sul e devem atender prioritariamente as áreas de maior demanda. Tolmasquim garantiu que as estruturas que vão a leilão vão suportar "com folga" a expansão da fonte, estimada em 2GW anuais pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

"O Ministério agora precisa elaborar todos os relatórios, entre eles o ambiental. Feito isto, os relatórios serão enviados para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) licitar", disse.

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03/06/2013

Já estava na hora: Bahia compra briga e vai ao CNPE exigir eólicas no A-5

Era de se esperar uma reação dos estados produtores ao constatar uma guinada enorme do governo desrespeitando seus próprios dados de planejamento de longo prazo. Em função disto toda uma infrarestrutura é preparada, fábricas são atraídas ao Brasil, empresas gastam para atender às regras do BNDES e, de repente, o mercado deixa de existir por uma decisão de poucos. 

É preciso parar com este planejamento de soluços! Em 2008, o Brasil de daqui a 20 anos era térmico, de 2009 a 2012 era eólico e agora, novamente térmico! Desta forma não criamos um mercado para nenhuma fonte. De fato a matéria do Wagner Freire toca em pontos muito discutidos pelos profissionais do mercado. Lembro de ter comentado na última aula do MBA sobre os benefícios não tangíveis que os parques eólicos estão trazendo aos estados do nordeste. Ainda que de forma limitada a chegada da energia eólica tem criado mais infraestrutura e mais renda para regiões miseráveis do nordeste. Quem roda pelo interior da Bahia pode constatar. Se não bastar isto passem na região de João Câmara e Parazinho no RN onde há mais de 1 GW de energia eólica em construção ou início de operação. Se estão esperando ICG é por falhas do modelo que podem ser corrigidas ao invés de simplesmente extinguidas. E o que havia lá antes disto? 

Segue a matéria de Wagner Freire para o Jornal da Energia.

Com o apoio de outros estados, baianos tentarão convencer o governo a mudar regras do leilão para contratação de energia nova

Nos bastidores da política, o Governo da Bahia está se mobilizando para, numa última tentativa, sensibilizar o Ministério de Minas e Energia (MME) sobre a importância de manter a fonte eólica competindo no leilão A-5, que visa uma contratação de energia nova com entrega em cinco anos. O Jornal da Energia apurou que um documento foi encaminhado nesta segunda-feira (04/06) aos membros Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), apontando os potencias impactos (negativos) para o país caso as novas regras de leilão não sejam revistas.

"A ideia é mostrar que a energia eólica é uma política de Estado e não apenas energética; que existem diversos agentes envolvidos nesse cenário", afirmou um interlocutor a par do assunto, que pediu anonimato. "Vamos chamar o MDA (Desenvolvimento Agrário); o MMA (Meio Ambiente), o MDIC (Indústria) e mostrar que esses ministérios serão impactados por essa decisão mal tomada por parte do MME", disse. Outros estados eólicos também se juntaram a esta manifestação.

"Por exemplo, do ponto de vista da regularização fundiária, a Bahia tem mais de 15 mil títulos que foram regularizados por empresas de energia eólica. Pelo menos 75 mil pessoas são beneficiadas. Se cada uma delas tiver um aerogerador em sua propriedade, garante uma renda adicional de R$5 mil por ano. É um volume de renda no semiárido superior a muitos investimentos que são feitos por outras empresas e governos. Além disso, o desenvolvimento da energia eólica no Estado está propiciando R$300 milhões de investimento em infraestrutura viária", destacou a fonte.

Entre as preocupações do governo baiano, está o temor de se "quebrar" a cadeia produtiva da indústria eólica, que vinha se desenvolvendo a passos largos no Brasil. "Você vem de um ano ruim de contratação e sinaliza para um ano pior. A expectativa apenas do leilão de energia de reserva é muito ruim. Ao mesmo tempo, um programa de desenvolvimento da cadeia produtiva diz que até 2015 você tem que implantar tantos segmentos da produção para atender o conteúdo local. Quando você coloca isso, qual a empresa que vai querer investir? Investir num lugar que você não tem mercado?", alertou, referindo-se às novas exigências do programa de financiamento Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Atualmente, a Bahia abriga três montadores de cubos e naceles (Gamesa, Alstom e Acciona) e uma fabricante de torres (Torrebras). Além disso, há investimentos anunciados pela Tecsis, pela Aeris Energy (mas este pode ser interrompido); e mais recentemente da Alstom, que pretende instalar uma fábrica de torres metálicas na Bahia. Considerados outras empresas menores, a cadeia produtiva eólica no Estado passa de uma dezena de empresas. Quanto ao potencial de produção de energia a partir dos ventos, o Estado tem 15 GW em desenvolvimento, sendo que 1,6GW já foi contratato.

“Não está se pedindo a retirada xa restrição da ICG, nem a mudança do P90. Queremos ter apenas condições de competição”, finalizou. 

27/05/2013

Eólicas evitaram R$1,5 bilhão de gastos com ESS-SE no 1T13

Vejam a matéria de Wagner Freire para o Jornal da Energia

Em 2012, economia chegou a R$1,6 bilhão, segundo Abeeólica

A fonte eólica continua contribuindo para evitar os gastos com o Encargo de Serviço do Sistema por Segurança Energética (ESS-SE). Nos primeiros três meses do ano, a fonte evitou um gasto equivalente a R$1,5 bilhão, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

Esse valor se soma ao R$1,6 bilhão poupado em 2012. “Sem a eólica, essa conta seria maior”, disse a presidente executiva da associação, Elbia Melo, ao participar do Brazil Wind Energy Conference, nesta segunda-feira (27/05), em São Paulo.

O ESS-SE é um encargo oriundo do acionamento termelétrico fora da ordem de mérito, e que hoje é pago por todos os agentes do setor elétrico segundo a Resolução nº 3 do CNPE. Essas usinas fora da ordem têm um custo muito superior às hidrelétricas, o que pressiona o Custo Marginal da Operação (CMO) e eleva os preços da energia no curto prazo.

As térmicas são acionadas em função da demanda elétrica do País, em que se poupa a geração hidrelétrica em favor da segurança energética do Brasil. O fato de a energia eólica estar gerando energia na base, em certa medida, minimiza uma necessidade ainda maior da produção termelétrica.

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30/04/2013

Porque não já? EPE estuda expansão da transmissão para leilões futuros.

Supondo que existam no plano de ampliação e reforços da transmissão tenha obras que possam entrar em operação em médio prazo não seria interessante que o leilão de reserva tivesse data de entrada em operação em 2016? Ao invés disto a data de entrada da portaria do MME para o leilão de reserva é setembro de 2015 e só será aceito o horizonte de plaezamento de 2015.

Se as datas pudessem ser casadas não seria possível uma maior competição e consequentemente um ganho para a modicidade tarifária? 

Já que não tenho as repostas deixo-os com as questões e sugiro a metária do Canal Energia no link abaixo:


Antes tarde do que nunca: Chesf alega excesso de obras e desiste de leilão de transmissão


Quem dera tivessem tomado esta decisão antes para se evitar a perda das ICGs. Não me espanta as declarações do diretor da CHESF. Me espantaria sim se estas declarações partissem de um diretor de empresa privada(quase impossível pois estaria demitido antes). 


A Chesf, juntamente com Furnas e a IESUL possuem restrição no leilão por histórico de atraso em empreendimentos

Com cerca de 100 empreendimentos em carteira, que somam quase R$3,5 bilhões - entre investimentos corporativos e em Sociedade de Propósito Específico (SPE) -, a Chesf decidiu que não irá participar do próximo leilão de transmissão, marcado para o dia 10 de maio, conforme contou com exclusividade ao Jornal da Energia o diretor de engenharia e construção da Chesf, José Ailton de Lima.

A Chesf, juntamente com Furnas e a IESUL - Sociedade de Propósito Específico (SPE) constituída por CYMI (50%) e Cteep (50%) – possui restrição da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para participar pelo histórico de atraso na implantação de empreendimentos de transmissão nos últimos três anos. Assim, as três empresas não poderão liderar consórcio no qual detenham cota superior a 49% ou participar sozinhas do leilão.

Segundo enfatizou José Ailton de Lima, a opção por ficar de fora do certame nada tem a ver com a decisão da Aneel. “A restrição não nos incomodou. Isso foi mais uma decisão interna da diretoria da empresa. Primeiro vamos colocar os investimentos que temos contratados em pé para depois partir para os próximos. Nós temos obras demais. Quando tivermos dado conta de uma boa parte desses empreendimentos - e pretendemos fazer isso até o final deste ano - então 2014 vai ser um ano de bons investimentos”, explicou.

Conforme relatório da Aneel, a Chesf conta com 26 autos de infração julgados no âmbito administrativo por atrasos na execução de obras de transmissão, com média de 468,6 dias de atraso das obras. No entanto, sobre esses atrasos, o diretor da Chesf declara que não é nada para se apavorar, e que os cronogramas estão relativamente bem ajustados, com a tendência de que eles sejam cumpridos.

“Às vezes um atraso aqui e outro lá. Às vezes dificuldade com fornecedores, porque está faltando mão de obra qualificada, mas nada apavorante. É mais fazer a gestão no dia a dia desses empreendimentos”, ponderou. Os investimentos em andamento da companhia estão divididos em R$2,1 bilhões para corporativo, e mais R$1,2 bilhão em Sociedades de Propósito Específico (SPE).

Também com restrição, Furnas informou por meio de sua assessoria de imprensa que irá participar do próximo certame de transmissão, mas não comenta detalhes sobre parcerias ou empreendimentos estudados. A empresa pretende manter a sua parcela de mercado de 9% para geração e 19% da transmissão nacional, e está questionando as multas aplicadas pela Aneel nas esferas administrativa e judicial.

De 1º de abril de 2010 a 31 de março de 2013, a empresa recebeu quatro autos de infração da agência reguladora, apresentando a média de 625,3 dias de atraso em seus empreendimentos. De acordo com Furnas, entre as principais causas de atraso no cronograma dos projetos em desenvolvimento, está a demora na obtenção de licenças ambientais, problemas fundiários e atrasos na publicação do Decreto de Utilidade Pública das áreas.

Hoje, a empresa esta implantando com recursos próprios ou em parceria, 32 novas linhas de transmissão que acrescentarão mais de 5 mil km de linhas ao Sistema Interligado Naciona (SIN), além de 19 novas subestações. Nos últimos dois anos, Furnas concluiu e energizou 44 empreendimentos de reforços e melhorias em 20 subestações e 5 linhas de transmissão.

IESUL
A Interligação Elétrica Sul informou, por meio de sua assessoria, que a decisão da agência reguladora não afeta os planos da empresa, já que a que a SPE foi criada em julho de 2008 para construir, operar e manter os empreendimentos do lotes F e I do leilão de transmissão do ano em que foi constituída. Sendo assim, não tem como objetivo participar de novos projetos de expansão.

Os lotes em questão envolvem as subestações Forquilhinha e Scharlau II, bem como as linhas de transmissão Nova Santa Rita – Scharlau (230 kV), Jorge Lacerda B – Siderópolis C3 e Joinville Norte – Curitiba C2. Neste momento, os esforços da companhia estão concentrados na operação e manutenção dos ativos existentes (três quartos das obras licitadas estão em funcionamento), além da entrada em operação da linha de transmissão Joinville Norte – Curitiba prevista para o final de 2013.

Segundo a empresa, entre as principais dificuldades encontradas na implantação das obras, estão as de cunho ambiental, sendo que todas as solicitações foram devidamente atendidas pela Interligação Elétrica Sul dentro das especificidades e dos prazos solicitados pelos órgãos ambientais requerentes.

Leilão
O leilão de transmissão nº 01/2013 será realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no dia 10 de maio, às 10h, na sede da BM&FBovespa, em São Paulo. Serão licitados dez lotes, compostos de 5.017 km em linhas e de subestações com um total de 1.200 MVA de potência.

As novas instalações vão demandar investimentos de aproximadamente R$5,3 bilhões, com geração de 18.356 empregos diretos. O prazo de conclusão das obras será de 22 a 36 meses e os contratos de concessão são de 30 anos.


28/04/2013

Leilão de Reserva de Eólicas será em 23/08/2013

Impossível não comentar o quão inusitado é este método de diferenciação dos preços de acordo com a capacidade dos pontos de conexão ao SIN. Do modo com está escrito está frustando o investimento de muitos empresários que contavam com as ICGs para viabilizar seus projetos. Agora a regra mudou, de novo. 

Vejam o comentário abaixo publicado pela EPE:

O Leilão de Energia de Reserva deste ano, exclusivos para projetos eólicos, ocorrerá no dia 23 de agosto. A data foi estipulada pela Portaria nº 131/2013 do Ministério de Minas e Energia – MME, publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (26). A Norma define as diretrizes para realização do referido Leilão, que negociará Contratos de Energia de Reserva (CER) na modalidade por quantidade, com início de suprimento em 1º de setembro de 2015 e prazo de vinte anos.


De acordo com a Portaria, o resultado final do Leilão de Energia de Reserva de 2013 vai utilizar como critério de classificação o preço do lance, considerando a capacidade de escoamento da Rede Básica e de fronteira. Ficaram definidas também as condições gerais para realização dos Leilões de Energia de Reserva, estabelecendo, entre elas, a execução de garantias financeiras no caso de inadimplemento de seus compromissos contratuais por parte dos agentes, em especial com relação à implantação dos projetos.

Os empreendedores interessados em participar do certame deverão propor a inclusão de projetos de geração no Leilão de Energia de Reserva de 2013 até 27 de maio de 2013, por meio de cadastramento junto à Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Eles deverão encaminhar Ficha de Dados constante do Sistema de Acompanhamento de Empreendimentos Geradores de Energia (AEGE) e demais documentos, conforme instruções disponíveis no sítio da EPE: www.epe.gov.br, de acordo com a Portaria MME nº 21/2008.

O DOU também publicou hoje a Portaria MME nº 131/2013, que altera a Portaria MME nº 258/2008, e define metodologia de cálculo da garantia física de usinas eólicas contratadas em Leilões de Energia de Reserva, considerando o valor de energia anual com uma probabilidade de ocorrência igual ou maior a noventa por cento – denominada P90 – para um período de variabilidade futuro de vinte anos.

Com informações da Assessoria de Comunicação Social do Ministério de Minas e Energia

Links:
Portaria MME nº 131-13
Portaria MME nº 132-13



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19/04/2013

Coluna Miriam Leitão - Turma do Puxadinho


Miriam Leitão tem dessas. Volta e meia escreve justamente o que todos queriam dizer. 
Vejam a matéria do O Globo

Em bases diárias, o governo anuncia um puxadinho, uma gambiarra, um jeitinho para arrumar alguma distorção criada por ele mesmo. A novidade agora é que todas as geradoras, mesmo as mais limpas, como solar e eólica, ou pequenas, como as PCHs, vão ter que pagar o custo do uso das térmicas, que usam energia fóssil. E essas térmicas ficarão ligadas durante todo o ano.

O governo baixou o preço da energia num evento político-eleitoreiro com direito a declaração em cadeia nacional de TV dirigida pelo marqueteiro de campanha. A presidente, na ocasião, acusou os que mostravam a contradição da medida como sendo "a turma do contra". E reduziu o preço justamente quando o produto estava em falta, numa tentativa de revogação da lei da oferta e da procura.

Mas a redução do preço da energia começou a correr risco de ser anulada exatamente pelo uso das termelétricas a óleo diesel, óleo combustível, carvão e gás, para complementar a de fonte hídrica. Elas são mais caras e elevariam o preço da energia, que acabara de ser reduzida.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) baixou uma resolução determinando que o custo dessa energia mais cara seja rateada entre todos os agentes do mercado, via Encargo de Serviço do Sistema (ESS). Isso inclui os geradores, sejam de que fonte forem, que pagarão, pelo cálculo das empresas, metade do custo da geração termelétrica de origem fóssil. É uma contradição econômica e ambiental.

O uso das térmicas impediu que houvesse apagão porque o país entrou no período das chuvas com água abaixo do nível de segurança nos reservatórios. Mesmo tendo sido um verão chuvoso — e inclusive no final de março e começo de abril choveu acima da média — os reservatórios permanecem com um nível bem abaixo do que nos últimos dez anos. Os do Sudeste estavam, ontem, 60% cheios, mesmo com o uso das térmicas. Em março do ano passado, estavam 78% cheios.

Para enfrentar isso é preciso aumentar o investimento em geração, mas esse novo item de custo faz com que as empresas tenham mais uma fonte de incerteza quando forem calcular o preço da energia. Sempre que forem despachadas as térmicas, o custo extra terá que ser pago por todas as geradoras. A ideia de proteger o consumidor do aumento do preço terá vida curta. No longo prazo, as empresas vão repassar isso na conta de luz.

A queda do preço da energia foi anunciada com dois objetivos. O mais óbvio: eleitoral. O segundo, uma forma de reduzir a inflação. Os dois objetivos poderiam não ser atingidos se o custo real de produzir a energia térmica durante todo o ano de 2013 — que é a previsão, pelo baixo nível dos reservatórios — fosse transferido para o consumidor. A questão é quanto custa o artificialismo econômico? O Brasil fez um enorme trabalho em reduzir subsídios cruzados exatamente para tornar mais transparente os custos e os preços. Agora, faz o oposto. E pior: energia limpa terá que sustentar energia suja.

O relatório anual da Abeeólica sobre 2012 diz que a geração eólica economizou R$ 1,6 bilhão em Encargos por Razão de Segurança Energética. Só em dezembro, foram R$ 500 milhões. Com os parques eólicos em funcionamento, foi possível usar menos as usinas térmicas. Ainda assim, agora eles pagarão parte da conta.

As associações de empresas do setor já contrataram advogado para entrar na Justiça contra essa resolução que cria um custo não contabilizado para as empresas. Inclusive as empresas geradoras que não estavam com seus contratos vencendo e não entraram em conflito com o governo na última alteração de regras, pela MP 579, estão hoje decididas a lutar contra a resolução nº 3 do Conselho Nacional de Política Energética.

Um empresário do setor disse que ele considera que isso é um "confisco de receita" e não entende como pode acontecer através de uma portaria de um órgão cujo nome é "conselho". Tudo isso, claro, aumenta o risco regulatório.

Diariamente, o governo cria uma regra aqui para consertar uma coisa que ele mesmo desalinhou. Foi assim com o preço da energia.


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28/02/2013

A-3:Geradores eólicos podem ter que investir em linhas de transmissão


Até este momento a que se vê divulgado é o fato (não contestado) de que os consumidores pagaram (ou pagarão) por energia efetivamente não gerada. No entanto, pouco se fez para responsabilizar a concessionária de transmissão que foi para o leilão e assumiu responsabilidades contratuais sem capacidade de cumpri-los e admitiu isto descaradamente em rede nacional de televisão. 

As ICGs viabilizaram projetos de geração de energia eólica que trouxeram benefícios para regiões carentes do Brasil. Agricultores de subsistência de regiões remotas do país poderão contar com uma renda extra (por exemplo, através do arrendamento de áreas do parque eólico) por 20 anos ou mais uma vez que o período de concessão pode chegar a 40 anos. Além disto, a construção dos parques eólicos levou melhorias de infraestrutura a estas regiões bem como benfeitorias às comunidades do entorno dos parques em função das compensações ambientais decorrentes do processo de licenciamento e pelas quais os empreendedores são obrigados a construir para obter os licenciamentos necessários.

Ao invés de se culpar o modelo e jogá-lo no lixo este deveria ser aperfeiçoado de modo obter o melhor para consumidor e também para a infraestrutura do país. Ideias boas não faltam como a de Mauricio Dester. (veja aqui o texto publicado originalmente no Jornal da Energia). 


Vejam a matéria de Wagner Freire de São Paulo (SP) para o Jornal da Energia.


Proposta busca evitar atrasos na conexão dos parques e ônus para o consumidor

Com o objetivo de evitar que o consumidor pague por uma energia que efetivamente não foi gerada - assim como aconteceu em 2012, quando R$377 milhões foram gastos com usinas sem ICGs - a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está ajustando as regras para os próximos certames do tipo A-3.

Segundo o diretor da Aneel André Pepitone da Nóbrega, um primeiro passo já foi dado e evitará onerar o consumidor por um problema do setor. O sistema não vai mais se responsabilizar pela conexão de usinas viabilizadas em leilões do tipo A-3, transferindo o risco para o gerador. Isso significa que caso a usina não produza por algum motivo, seja ele qual for, o consumidor não vai arcar com o prejuízo.

Outra opção - esta ainda em estudo - é transferir para os geradores eólicos a responsabilidade pela conexão das usinas na rede básica, obrigando assim o empreendedor a investir em linhas de transmissão. Com isso a tendência é que apenas as usinas com conexão sejam viabilizadas nos leilões A-3, deixando aquelas que demandam construir linhas para o leilão A-5, que tem mais tempo de implantação.

De acordo com Pepitone, todas as medidas buscam “minimizar ônus para o consumidor e trazer mais agilidade para o processo (de conexão de parques eólicos)”. “No A-3 vamos contratar quem já tem conexão. Caso o gerador não tenha conexão, o risco será dele. Não vai mais onerar ninguém. No A-5, mantém a metodologia com o risco do sistema”, explicou o diretor da Aneel.

Em 2012, o descompasso na data de operação dos sistemas de transmissão com o da operação das usinas eólicas obrigou o consumidor brasileiro a pagar R$377 milhões aos geradores por parques que não produziram energia. O modelo anterior previa que o gerador recebesse a receita do empreendimento caso estivesse com a usina pronta no prazo.

Em grande parte, as obras de transmissão atrasadas são de responsabilidade de Chesf. Por isso, a Aneel autorizou em setembro de 2012 que a Procuradoria Geral da União cobrasse na justiça o prejuízo de R$377 milhões causados pela empresa. O assunto consta em tramitação junto ao Tribunal de Contas da União.

Pepitone conversou com o Jornal da Energia nesta terça-feira (26/02), após participar do Wind Forum Brazil, realizado em São Paulo. 


25/02/2013

Tesouro pode bancar custo das térmicas


Apenas um esclarecimento: Se o tesouro vai pagar significa apenas que o contribuinte pagará de outra forma pelo preço da energia. "Não existe sanduíche de graça". (Tradução livre da frase de Milton Friedman).

BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo (Reuters)
O Tesouro Nacional poderá cobrir o impacto financeiro do custo adicional da energia das termoelétricas, garantindo que essas despesas não cheguem às tarifas dos consumidores e à inflação, afirmaram duas fontes do governo a par do assunto.

O uso do Tesouro também anularia o comprometimento do fluxo de caixa das distribuidoras de energia, que pagam pela geração termoelétrica e são ressarcidas apenas depois, na ocasião do reajuste anual tarifário.

A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) estima que a conta pelo uso das térmicas de outubro passado a janeiro deste ano já totalizou cerca de R$ 4 bilhões - sendo R$ 1,5 bilhão apenas no mês passado.

Quase a totalidade da capacidade de geração térmica de energia está sendo usada diante do baixo nível dos reservatórios.

Segundo uma das fontes, o custo das térmicas será pago com recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) - antigo tributo que passou recentemente a ser uma espécie de encargo único para todos os subsídios ao setor. O Tesouro pode ter de emitir títulos da dívida pública para injetar na CDE.

A opção por utilizar recursos públicos ocorre num momento em que a escalada dos preços preocupa.

O IPCA-15, prévia da inflação oficial, surpreendeu em fevereiro ao registrar alta acima do esperado, ainda pressionado por alimentos. No acumulado em 12 meses, o índice subiu 6,18%.

A meta de inflação do governo é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Se o Tesouro absorver o custo das térmicas, os reajustes das tarifas das distribuidoras de energia elétrica e seu impacto na inflação seriam atenuados neste ano e, principalmente, em 2014./ REUTERS


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20/02/2013

Uma alternativa para a questão das ICGs


O artigo abaixo é de autoria de Mauricio Dester. Por deferência gostaria de apresentá-lo no início e não ao final do artigo(como na publicação original). Acredito que desta forma valorizamos mais ainda as ideias por ele apresentadas. 

Mauricio Dester é graduado em Engenharia Elétrica (Unicamp-FEEC, 2001), mestre em Engenharia Elétrica, linha de pesquisa em Estabilidade de Tensão (Unicamp FEEC, 2006), doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos, linha de pesquisa em Política Energética (Unicamp-FEM, 2013). Trabalha em Furnas, na área de Operação de Sistemas de Energia Elétrica, há 30 anos.

Mauricio Dester tem uma visão deste assunto muito parecida com a deste blogueiro. Seu artigo trata de forma muito justa as intenções originais da inclusão das ICG's e não poupa argumentos à necessidade de maior planejamento e agilidade por parte dos envolvidos na licitação e implantação das instalações compartilhadas. Reconhece ainda a incapacidade do Estado de prover obras estruturantes em curto prazo e oferece uma solução interessante de passagem de responsabilidade ao empreendedor sem para isto criar mais entraves à iniciativa privada. Acredito, no entanto, que ainda estamos distantes de obter a necessária integração entre empreendedores para que a "SPE da ICG" opere de forma satisfatória. 

Confesso que sobre este tema tenho mais dúvidas que certezas: 
  • Como o empreendedor poderia prever o seu custo de ICG na tarifa? 
  • Como ANEEL e EPE podem auxiliar na correta avaliação destes empreendimentos evitando elevação exagerada na tarifas?
  • Cabe uma nova regulamentação para este procedimento? 
  • Como proteger o investimento dos empreendedores na transmissão diante da possibilidade de que, sob a justificativa do menor custo global, outros empreendedores possam aproveitar-se da capacidade de transmissão extra reservada aos futuros projetos dos empreendedores envolvidos? 

Apesar dos questionamentos, acredito que a ideia tem viabilidade. Meu sincero agradecimento ao Maurício por seu artigo muito esclarecedor. Convido a todos para ler e opinar sobre o tema. Segue o artigo postado originalmente no Jornal da EnergiaBoa leitura.  

Para estimular a integração da geração distribuída (GD) ao Sistema Interligado Nacional (SIN), foi instituída a figura das instalações compartilhadas de geração (ICGs). Trata-se de um mecanismo destinado a viabilizar os projetos de GD, do ponto de vista técnico e econômico. Este mecanismo, contudo, não representa uma solução de compromisso com os aspectos de estabilidade e confiabilidade do SIN e não foi estruturado de forma a incorporar uma visão de longo termo para a questão da GD.

Como consequências do modelo adotado, nota-se um descompasso entre a entrega para operação das ICGs e as usinas que delas farão uso. Por exemplo, em 2009, no primeiro leilão exclusivo para a energia eólica, foram contratados 1.841 MW de potência instalada. Deste montante, 622 MW estão entregues para operação, todavia impossibilitados de gerar devido às respectivas ICGs ainda não estarem concluídas. O problema tende a se agravar, pois existem discrepâncias entre os cronogramas de conclusão de novas usinas e suas respectivas ICGs. Estes fatos são resultado de uma visão segmentada no processo de planejamento da expansão e que repercutirão de forma negativa na operação do SIN, seja nos aspectos econômico, seja naquelas relacionados à segurança, confiabilidade e ao meio ambiente. 

A saída para esta questão passa por uma mudança na forma de contratação das ICGs. Uma possível solução é integrar o empreendimento de uma determinada ICG às usinas que se conectarão a ela e delegar o ônus e a responsabilidade do projeto e construção desta ICG aos agentes proprietários das usinas que farão uso da ICG. Certamente estes agentes devem avaliar os custos que lhe caberão, em função desta responsabilidade, para que o lance realizado no leilão considere estes custos. Entrando no detalhamento da proposta, deve haver a constituição de uma SPE pelos agentes usuários, cujas participações devem ser estabelecidas previamente, em relação ao leilão. Esta SPE será a responsável, de fato, pela ICG. Os critérios para divisão do aporte de capital para a constituição da SPE devem estar atrelados ao montante de energia contratado pelas respectivas usinas usuárias da ICG. Deve ainda regulamentar-se a liberação da entrada em operação destas usinas, que somente deve aceita se a respectiva ICG estiver também liberada. Mesmo procedimento deve ser adotado com a conexão da usina até a ICG, assim como em relação à conexão desta até a rede básica. Para aumentar ainda mais a segurança no que concerne à disponibilidade da ICG no prazo certo, a parte do capital destinado a SPE e suficiente para a conclusão da ICG pode ser requerida em conjunto com o depósito de garantias para a participação dos leilões.

Após o comissionamento, a ICG deve, então, ser doada para o agente proprietário do ponto de conexão à rede básica. Este, por sua vez, passa a ser, a partir de então, responsável pela operação e manutenção da ICG, sendo remunerado por meio de uma RAP correspondente e devidamente dimensionada considerando esta situação específica. Seria algo semelhante do que já se pratica no que se refere ao acesso à rede básica por consumidores livres. A partir deste momento a SPE pode ser dissolvida, uma vez seu propósito já ter sido alcançado. Alguns cuidados especiais devem ser tomados, por parte do órgão de planejamento. Um deles é requerer no projeto da ICG a possibilidade de serem efetuados reforços, de forma que se possa prover conexão a empreendimentos futuros de GD, já previstos ou com potencial de se efetivarem na região onde a ICG estiver localizada. Esta proposta pode impactar nos valores da energia comercializada nos leilões, entretanto há que se contrapor este ônus com aquele que pode advir da não disponibilidade da energia elétrica e que hoje já é arcado pelos consumidores ligados ao SIN.


13/02/2013

Gamesa makes loss for 2012


A notícia boa reside no fato de o anúncio não ter sido seguindo por um mergulho no valor das ações. Sinal de que estão no rumo certo para a recuperação. Vejam o que publicou Michael McGovern para o Wind Power Monthly. Há um tradutor disponível ao lado do post na área de gadtgets do blog. 

SPAIN: Gamesa has provisionally announced its first ever full-year profit loss--estimated at EUR 640 million.

Despite this, Madrid stock exchange boosted the turbine manufacturer's share value by more than 7% to over EUR 2,14 by midday today, against Tuesday's closing price.

Analysts put investor enthusiasm down to the efficacy of Gamesa's restructuring and cost-cutting measures.

The company said that most of the estimated profit loss was due to extraordinary expenditure of EUR 584 million last year on restructuring its work force and market activities globally 2013-2015.

Those measures include the layoff — together with indemnities — of 1,800 people globally, in addition to the 800 job cuts up to implementation in October.

Consolidated results will be presented on 28 February. Meanwhile, Gamesa said the provisional result is in line with the outlook for 2012, as presented together with its restructuring business plan on 28 October.

Gamesa sold 2,119MW of turbine capacity last year. Although this is more than the company's 2GW October forecast, it is still 30% below sales in 2011.

However, the company claims an end-year order backlog of 1,657MW — just surpassing the 1,600MW figure for end-2011 — with 571MW signed up in the final quarter of the year.


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11/02/2013

Transmissão: 73% das obras atrasadas

Longe de mim defender o IPHAN ou os órgãos ambientais mas citá-los como únicos responsáveis pelos atrasos das obras é no mínimo ingenuidade. Também citaram a gestão dos empreendimentos, entendo... Vejam a matéria de Wagner Freire para o Jornal da Energia.

Atrasos médio chega a 14 meses; 58% da geração também estão fora de cronograma 

Durante a primeira reunião do ano do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada em 9 de janeiro, o Ministério de Minas Energia (MME) apresentou um balanço das obras de expansão de geração e transmissão de energia elétrica.

O fato é que 73% das obras de transmissão estão com os cronogramas atrasados, ou seja, apenas 27% encontram-se com as datas dentro do previsto. "No cômputo, geral existe um atraso médio de catorze meses nas datas previstas desses empreendimentos", diz o documento. Segundo o MME, estão sendo monitorados atualmente 15.497quilômetros de linhas.

Quanto à justificativa pelos atrasos, nenhuma novidade: "reflexo das questões socioambientais".

Do ponto de vista da geração, onde 333 novas usinas estão sendo monitoradas, 58% das obras (3.678MW) estão com o cronogramas atrasados. Dessa forma, apenas "42% dos empreendimentos de geração monitorados encontram-se com datas de tendência dentro do previsto e que no cômputo geral existe um atraso médio de sete meses nas datas previstas para esses empreendimentos". Os projetos foram leiloados entre 2005 e 2009.

Para 2013, a previsão é que 8.502MW (geração) e 8.841 km de linhas entrem em operação. "Contudo, os montantes de empreendimentos realizados em 2012 e previstos para 2013 encontravam-se em fase de consolidação, podendo sofrer ajustes", pondera o ministério.

Com relação aos empreendimentos de geração, foi apresentado que no ano de 2012 entraram em operação 3.983 MW, sendo 3.205MW que comercializam energia no Ambiente de Contratação Regulada e 778 MW do Ambiente de Contratação Livre.

Embora a reunião do CMSE tenha ocorrido no início de janeiro, a ata só é divulgada um mês depois, o que ocorreu nesta quinta-feira (07/02).

ICGs
Ainda durante a reunião, a Chesf fez uma apresentação sobre a situação das Instalações Compartilhadas de Geração (ICGs). Encontra-se concluídas as construções de 133MW em parques eólicos, relativos à ICG João Câmara, e outros 585MW, relativos às ICGs Igaporã, Ibiapina, Lagoa Nova, Extremoz II e Morro do Chapéu.

A previsão para que essas usinas estivessem injetando energia na rede era setembro de 2013. "Mas que deixarão de ser entregues ao sistema na data de conclusão, em função do cronograma das obras de transmissão, cujos atrasos médios são da ordem de quinze meses em relação às datas do Ato Legal", diz a Chesf.

A justificativa vem a seguir: "Ficou constatado que os atrasos foram impactados principalmente em função da gestão dos empreendimentos e de atraso na obtenção de autorização do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)".


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07/02/2013

Renova faz encomenda de 1 bilhão de euros para a Alstom


Vejam a matéria de Fabíola Binas para o Jornal da Energia

Companhia formalizou os pedidos antes mesmo de participar dos certames de geração

 A Renova Energia e a Alstom anunciaram nesta quarta-feira (06/02) a assinatura de um memorando de entendimentos para o fornecimento de aproximadamente 440 aerogeradores eólicos, totalizando uma capacidade instalada de 1,2 GW, no mínimo. O acordo tem valor de 1 bilhão de euros e as entregas devem acontecer em até quatro anos.

A peculiaridade do acordo é o fato da Renova estar contratando um volume considerável de equipamentos antes de acontecerem os próximos leilões, na contramão da prática atual das empresas do setor eólico, que efetuam a compra de equipamentos depois de terem vencido os certames.

Durante a apresentação do acordo, o diretor-presidente da Renova Energia, Mathias Becker, explicou que a parceria traz um conjunto de eficiências que permitirão ganhos a mais de competitividade, com o aumento da eficácias das máquinas por conta da melhor adequação dos equipamentos aos ventos das regiões onde a empresa instalou seus parques, desencadeando também na redução do investimento.

“Teremos um o aumento de eficiência, com maior produtividade”, comentou ao reforçar o conceito de preço e desempenho técnico. Segundo o executivo, a empresa poderá dar continuidade a estratégia de ofertar preços mais competitivos nos leilões, bem como o de ofertar maior vantagem também nas negociações no mercado livre.

Os equipamentos serão fabricados na planta da Alstom, localizada em Camaçari, na Bahia. Para atender a encomenda, a companhia terá que dobrar sua capacidade produtiva, o que a princípio deve ocorrer com a inclusão de mais um turno de trabalho. O presidente mundial do setor Renewable Power da Alstom, Jérôme Pécresse, esteve no anúncio do memorando e afirmou que o acordo garante um melhor “posicionamento no mercado latino-americano”.

A Renova está implantando o Complexo Eólico Alto Sertão II fica localizado nas cidades de Caetité, Guanambi e Igaporã, no sudoeste da Bahia. Porém a empresa também estuda os ventos de outras regiões do país, como por exemplo em Minas Gerais, onde mantém torres de medição.


22/01/2013

Brasil constrói usinas eólicas, mas não tem como distribuir energia


As notícias veiculadas há pouco mais de seis meses na imprensa especializada agora aparecem nos jornais, portais, revistas. Provavelmente se trata de repercussão da matéria do Fantástico. Vejam a matéria do Portal Região Nordeste disponível na Abeeólica.

Neste ano 50 novas usinas de produção de energia elétrica com a força dos ventos ficam prontas, mas não podem produzir e ainda recebem dinheiro do governo. Isso porque, por falta de planejamento, não existe a rede para levar a eletricidade para o sistema de distribuição nacional. 

As usinas são montadas por empresas privadas, que venceram os leilões do governo.

Vinte e seis delas já estão prontas, mas as hélices de geração ficam travadas, porque não tem como levar a energia para a casa do consumidor. 

A rede de distribuição é construída pela estatal Eletrobras, que enfrenta toda a burocracia das empresas públicas e ainda alega dificuldades no licenciamento ambiental. 

Se essas usinas já estivessem funcionando, o consumidor brasileiro não precisaria pagar os 150 milhões de reais gastos por mês, para manter as termelétricas a gás, a óleo e carvão, ligadas, como está ocorrendo. 

As geradoras de energia pelo vento que já estão prontas ainda recebem do governo, pois a parte delas foi honrada, conforme determina o contrato.

Abaixo alguns posts antigos deste blog com detalhes sobre o assunto: 


Consumidor pagará R$377 milhões por energia eólica que não será entregue (Avaliações de consultores do mercado falam de um total de R$ 1 bi)



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Energy Report PSR: SEGURANÇA DE SUPRIMENTO: O ESTRUTURAL E O CONJUNTURAL

Tive acesso ao relatório muito esclarecedor publicado pela PSR Consultoria. A contribuição da PSR para o entendimento do setor é historicamente bem recebida pela maioria dos profissionais. 

O relatório compara o comportamento da redução quantidade de energia armazenada total ao longo do ano de 2012 com o comportamento em outros anos. Busca, através de diversas hipóteses, entender porque o sistema partiu da melhor condição de armazenamento dos últimos 16 anos (em janeiro) para a pior condição desde a véspera do racionamento de 2001-2002. 

As conclusões do relatório nos levam a triste constatação de que faltam ainda muitos passos ao nosso país para superar as debilidades estruturais e conjunturais para gerar mais credibilidade nas medidas para garantir a segurança de suprimento nos próximos anos. Ademais o relatório permite concluir com máxima certeza que a culpa não é de São Pedro!

Deixo as demais conclusões para os senhores. O relatório completo pode ser baixado no link a seguir: 

Boa leitura!

14/01/2013

Setor eólico espera mais chances de negócio e preços maiores em 2013

A quem interessar possa. O preço da energia também está sujeito à inflação e variação cambial. A impressão é que só o governo não sabe disto. Segue matéria de Anna Flávia Rochas da Reuters.


SÃO PAULO, 14 Jan (Reuters) - O setor de energia eólica espera mais oportunidades de negócios em 2013, diante da expectativa de maior contratação nos leilões de energia nova com preços mais altos que possam dar melhor taxa de retorno aos empreendedores.

No ano passado, foi realizado somente um leilão de energia nova, no qual foram contratados apenas 574,3 megawatts (MW) de novas usinas de todas as fontes, em uma licitação marcada por demanda reduzida e preço baixo recorde da energia eólica.

Para 2013, após a retirada de autorizações de termelétricas da Bertin que tinham vendido energia em leilões passados e não entraram em operação, a expectativa é de que haja pelo menos uma contratação para suprir esse vácuo.

"Vai haver pelo menos dois leilões e o governo vai contratar no mínimo 2 gigawatts (GW)", acredita a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, sobre a necessidade de contratação relacionada aos projetos termelétricos que tiveram a autorização revogada.

Elbia não considera que o preço médio da energia eólica no leilão de 2012 --de 87,94 reais por megawatt-hora-- seja suficiente para remunerar o investimento, e avalia que o último certame não é parâmetro para licitações futuras.

Neste ano, além da maior necessidade de contratação de energia, a presidente da Abeeólica conta com um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB), de 3 a 4 por cento.

"Esperamos que os preços voltem aos patamares reais, para refletir os custos de produção e a taxa de retorno", disse ela.

Para Elbia, o preço-teto de 112 reais por MWh, estabelecido para o leilão de 2012, já não remunerava o setor eólico. Considerando a inflação e o impacto da variação cambial sobre o valor dos equipamentos, o preço da energia eólica de cerca de 105 reais por MWh praticado no leilão de dezembro de 2011 seria hoje de 124 a 125 reais por MWh.

Um dos preços mais baixos da energia eólica no último leilão, de 87,77 reais por MWh, foi praticado por sete usinas da Bioenergy, que serão localizadas no Maranhão.

O presidente da empresa, Sérgio Marques, garante que o preço remunera o investimento, mas também espera vender por preços maiores nos certames de 2013. "A rentabilidade é mais baixa, mas viabiliza o negócio", disse Marques, acrescentando que seus projetos têm uma taxa de retorno que varia de 9 a 11 por cento.

Ele explicou que a Bioenergy está montando, no mesmo local, outros empreendimentos com energia a um preço maior --de 100 a 170 reais por MWh--, o que ajuda a otimizar os custos.

A Bioenergy tem outros 14 empreendimentos considerados aptos em leilões passados que pretende colocar em licitações em 2013. "Claro que eu gostaria de vender mais caro... Espero que os próximos projetos tenham melhor rentabilidade", disse Marques.

O presidente da Dobrevê Energia (Desa), Carlos Augusto Leite Brandão, não considera possível que o preço da energia eólica recue abaixo da faixa entre 100 e 105 reais por MWh nos próximos leilões. Segundo ele, a empresa chegou a participar do leilão no fim de 2012, mas resolveu sair quando as condições de preço não atendiam mais suas expectativas.

Em 2013, Brandão vê oportunidade para vender a energia dos parques eólicos no mercado livre, diante do cenário de energia cara no curto prazo. "Temos uma comercializadora de energia e carteira de clientes no mercado livre", disse o executivo.

A Desa tem cerca de 1.300 MW de projetos eólicos em portfólio para desenvolvimento.

Brandão disse considerar a participação da Desa nos leilões em 2013, mas espera que as condições fiquem mais claras no que se refere às condições de conexão das usinas ao sistema elétrico nacional, para evitar riscos.

Parques eólicos da Desa no Rio Grande do Norte estão entre aqueles que aguardam a conclusão atrasada da linha de transmissão que está sendo construída pela Chesf, do Grupo Eletrobras, para entrar em operação enviando energia ao sistema elétrico.

Além da Desa, a Renova Energia e a CPFL Renováveis estão com parques prontos desde meados do ano passado recebendo a receita a qual têm direito, mas sem gerar energia ao sistema pela ausência da linha de transmissão.

"Esse atraso da transmissão traz sérios problemas, porque o custo parado é maior que o custo da usina operando", disse o presidente da Desa.

A linha de transmissão sendo construída pela Chesf tem previsão de ficar pronta em setembro próximo.

Resumo do ano 2012: Erros de Energia

Depois do que ocorreu no A-5 de 2012, da complicações criadas pela MP-579 e da sucessão de matérias com mais de seis meses de atrasos (já havia citado aqui) sobre os atrasos nas linhas de transmissão e real ameaça de racionamento pensei em escrever algo resumindo tudo que acontece em linguagem didática. Aí a Miriam Leitão fez antes e ficou do jeito que eu pensava fazer. 

Então segue o artigo publicado no O Globo.


Agora em 2013, entrariam em operação 6.000 MW de energia de térmicas que foram arrematadas num leilão de 2008 para entrega em cinco anos. Foram todas vencidas por um grupo neófito, que migrou da pecuária para a geração térmica com incentivo, benção e financiamento do BNDES: o grupo Bertin. O governo não exigiu conhecimento na área. O país perdeu.

O caso Bertin foi um fracasso no setor de geração e deu com os bois e os burros n’água. Ele não conseguiu fazer o que arrematou e devolveu os projetos. Se o setor de energia tivesse exigido experiência do grupo que venceu os leilões, se tivesse havido noção de que aquela concentração era perigosa, o país poderia ter mais 6.000 MW entrando agora.

No ano passado, havia quem no Operador Nacional do Sistema quisesse começar a usar as térmicas mais baratas, as movidas a gás, para poupar água nos reservatórios. Mas prevaleceu o entendimento de que se chovesse bastante no período de chuvas seria recomposto o nível das barragens.

O governo resistiu o quanto pôde a entrar nas outras fontes renováveis, como eólicas. Quando o mundo já investia pesado nessa fonte, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, o governo dizia que era caro demais. Quando, enfim, decidiu levar essa fonte mais a sério, o preço caiu, como acontece sempre em economia de escala. Parte dos parques eólicos, no entanto, está sem interligação por falta de linhas de transmissão. Hoje, há o mesmo desprezo por energia fotovoltaica. E, contudo, ela vai se firmando como uma das opções para compor uma matriz diversificada como tem que ser.

Quando se fala que faltou planejamento, é disso que se trata. Esses três exemplos ilustram a falta de um comando no Ministério das Minas e Energia que tome providências certas no tempo exato.

Nas crises, as autoridades culpam “problemas ambientais” pelos atrasos. É como se o meio ambiente fosse um estorvo. Consórcios, empresas, governo não cumprem determinações do licenciamento e depois culpam as decisões judiciais. O que é necessário é levar sempre em consideração a variável ambiental na hora de fazer as escolhas e cumprir o exigido e assinado nos contratos.

Nas crises, aparecem todos os lobbies de volta. O setor elétrico é fragmentado em interesses os mais diversos. Tem os barrageiros, que acham que a solução será sempre hídrica. O problema aí é que o potencial remanescente está cada vez mais fundo na floresta e os custos não estão bem avaliados. Custos financeiros e fiscais, além dos ambientais e sociais. Uma hidrelétrica a dois mil quilômetros dos centros de consumo exigirá esforço enorme e caro em linhas de transmissão. Já apareceram defensores de se refazer o projeto de Belo Monte na forma original, com cinco hidrelétricas que inundariam uma enormidade no meio da mata. E há sempre os que defendem a nuclear.

O que é preciso perguntar é se é o melhor continuar apostando tanto em energia hidrelétrica, quando os regimes hídricos estão ficando cada vez mais imprevisíveis, e o Brasil já depende enormemente da energia das águas.

Reapareceram também defensores de usinas a carvão, que é a mais suja das fontes de energia, e os projetos que foram abandonados depois de 2009 eram em sua maioria dependentes de um carvão importado da Colômbia.

Se chover muito, acima da média, nos pontos certos de Minas Gerais, o Brasil poderá respirar aliviado, mas o país não pode ir de susto em susto. Precisa diversificar sua matriz com uma inclinação a favorecer as fontes mais limpas, não por exigência de movimentos ambientais, mas porque isso é mais sensato em tempos de mudança climática.