03/06/2013

Já estava na hora: Bahia compra briga e vai ao CNPE exigir eólicas no A-5

Era de se esperar uma reação dos estados produtores ao constatar uma guinada enorme do governo desrespeitando seus próprios dados de planejamento de longo prazo. Em função disto toda uma infrarestrutura é preparada, fábricas são atraídas ao Brasil, empresas gastam para atender às regras do BNDES e, de repente, o mercado deixa de existir por uma decisão de poucos. 

É preciso parar com este planejamento de soluços! Em 2008, o Brasil de daqui a 20 anos era térmico, de 2009 a 2012 era eólico e agora, novamente térmico! Desta forma não criamos um mercado para nenhuma fonte. De fato a matéria do Wagner Freire toca em pontos muito discutidos pelos profissionais do mercado. Lembro de ter comentado na última aula do MBA sobre os benefícios não tangíveis que os parques eólicos estão trazendo aos estados do nordeste. Ainda que de forma limitada a chegada da energia eólica tem criado mais infraestrutura e mais renda para regiões miseráveis do nordeste. Quem roda pelo interior da Bahia pode constatar. Se não bastar isto passem na região de João Câmara e Parazinho no RN onde há mais de 1 GW de energia eólica em construção ou início de operação. Se estão esperando ICG é por falhas do modelo que podem ser corrigidas ao invés de simplesmente extinguidas. E o que havia lá antes disto? 

Segue a matéria de Wagner Freire para o Jornal da Energia.

Com o apoio de outros estados, baianos tentarão convencer o governo a mudar regras do leilão para contratação de energia nova

Nos bastidores da política, o Governo da Bahia está se mobilizando para, numa última tentativa, sensibilizar o Ministério de Minas e Energia (MME) sobre a importância de manter a fonte eólica competindo no leilão A-5, que visa uma contratação de energia nova com entrega em cinco anos. O Jornal da Energia apurou que um documento foi encaminhado nesta segunda-feira (04/06) aos membros Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), apontando os potencias impactos (negativos) para o país caso as novas regras de leilão não sejam revistas.

"A ideia é mostrar que a energia eólica é uma política de Estado e não apenas energética; que existem diversos agentes envolvidos nesse cenário", afirmou um interlocutor a par do assunto, que pediu anonimato. "Vamos chamar o MDA (Desenvolvimento Agrário); o MMA (Meio Ambiente), o MDIC (Indústria) e mostrar que esses ministérios serão impactados por essa decisão mal tomada por parte do MME", disse. Outros estados eólicos também se juntaram a esta manifestação.

"Por exemplo, do ponto de vista da regularização fundiária, a Bahia tem mais de 15 mil títulos que foram regularizados por empresas de energia eólica. Pelo menos 75 mil pessoas são beneficiadas. Se cada uma delas tiver um aerogerador em sua propriedade, garante uma renda adicional de R$5 mil por ano. É um volume de renda no semiárido superior a muitos investimentos que são feitos por outras empresas e governos. Além disso, o desenvolvimento da energia eólica no Estado está propiciando R$300 milhões de investimento em infraestrutura viária", destacou a fonte.

Entre as preocupações do governo baiano, está o temor de se "quebrar" a cadeia produtiva da indústria eólica, que vinha se desenvolvendo a passos largos no Brasil. "Você vem de um ano ruim de contratação e sinaliza para um ano pior. A expectativa apenas do leilão de energia de reserva é muito ruim. Ao mesmo tempo, um programa de desenvolvimento da cadeia produtiva diz que até 2015 você tem que implantar tantos segmentos da produção para atender o conteúdo local. Quando você coloca isso, qual a empresa que vai querer investir? Investir num lugar que você não tem mercado?", alertou, referindo-se às novas exigências do programa de financiamento Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Atualmente, a Bahia abriga três montadores de cubos e naceles (Gamesa, Alstom e Acciona) e uma fabricante de torres (Torrebras). Além disso, há investimentos anunciados pela Tecsis, pela Aeris Energy (mas este pode ser interrompido); e mais recentemente da Alstom, que pretende instalar uma fábrica de torres metálicas na Bahia. Considerados outras empresas menores, a cadeia produtiva eólica no Estado passa de uma dezena de empresas. Quanto ao potencial de produção de energia a partir dos ventos, o Estado tem 15 GW em desenvolvimento, sendo que 1,6GW já foi contratato.

“Não está se pedindo a retirada xa restrição da ICG, nem a mudança do P90. Queremos ter apenas condições de competição”, finalizou.