01/07/2010

É complementar, e não concorrente

Por Ricardo Simões
A geração de energia eólica tem grande potencial no Brasil, sobretudo no Nordeste, onde as condições climáticas e geográficas são muito favoráveis. Na Europa, por exemplo, são necessárias uma usina eólica e outra termelétrica para garantir o abastecimento, enquanto no nosso país somos privilegiados com fontes limpas e renováveis em abundância. No Brasil, a hidrelétrica será a matriz predominante por muitos anos. E é melhor que seja assim porque é a mais competitiva de todas as fontes energéticas. Porém, a eólica é a irmã siamesa da energia hidrelétrica e absolutamente complementar a esta. Como os ventos são mais fortes e constantes nos períodos em que os reservatórios das hidrelétricas estão secando, podemos dizer que uma torre de geração eólica instalada no Nordeste é uma lâmina d’água no reservatório da usina de Sobradinho, no sertão da Bahia, ou no reservatório da usina de Tucuruí, no Pará. E isto é possível graças ao SIN – Sistema Interligado Nacional – que providencia a transmissão da energia gerada desde sua fonte, até as áreas do País onde há maior consumo. Para os próximos anos, as expectativas são as melhores possíveis. O Governo compreendeu o conceito de complementaridade e hoje a eólica está, definitivamente, inserida na matriz elétrica nacional. Contudo, é preciso que o governo também garanta o desenvolvimento do setor no longo prazo, com desonerações tributárias e leilões anuais, exclusivos de energia eólica. Para o certame programado para 19 de agosto, a expectativa é pela contratação de 1500 a 2000 MW de eólica, média anual que pretendemos manter ao menos durante uma década. Assim, o crescimento da indústria eólica está garantido e o Brasil poderá, inclusive, desenvolver tecnologias e equipamentos voltados ao mercado externo. Vale destacar, ainda, a relevância das discussões como as programadas para o All About Energy 2010, evento que acontece entre os dias 29 de junho e 2 de julho em Fortaleza, capital do Estado que é, hoje, o líder em geração pela força dos ventos no país, o equivalente a 477 MW dos 794 MW gerados no Brasil. O BNDES aprovou, de 2003 a 2009, 31 operações de financiamento a parques eólicos, somando 673 MW. O banco emprestou R$ 2 dos R$ 3,5 bilhões investidos nos projetos. A estimativa da ABEEólica é que, para entregar a energia vendida no último leilão, o setor invista R$ 8 bilhões até 2012. Assim, a expectativa é de que a energia eólica chegue a mais de 2% do total gerado no país até 2012. Por fim, ressalto que quanto maior o fomento aos debates sobre a eólica, melhor para se compreender e ressaltar a importância, os benefícios e o papel complementar dessa fonte renovável na matriz elétrica brasileira. RICARDO SIMÕES é Presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) Fonte: Artigo Ricardo Simões no Jornal O Povo

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