14/10/2009

Indústria cearense que produz na Ásia tem economia de 30%

Setores da indústria cearense seguem tendência mundial e preferem produzir na China e na Índia para depois vender ao mercado brasileiro

As indústrias cearenses adotaram a Índia e a China como parceiras de produção. Com encargos trabalhistas e fiscais bem abaixo do que os cobrados no Brasil, empresários do Ceará resolveram terceirizar a produção nos países asiáticos. Os produtos vindos da Índia e da China entram no Brasil custando de 25% a 30% do preço praticado por aqui. E mais, com prazos de financiamento que chegam há 180 dias. Os setores que mais importam são os da construção civil, destacando-se ferramentas para geração de energia eólica, e confecção. Para se ter uma ideia, a indústria do Ceará trouxe, de janeiro a agosto de 2009, US$ 137.115 milhões em produtos fabricados na Índia e outros US$ 124.912 milhões na China. Bem atrás, em terceiro, aparece a Argentina, com US$ 68.928 milhões exportados para o Estado. O setor eólico lidera com folga as importações no Ceará. Somente a Suzlon Energia Eólica Brasil Ltda, gastou US$ 119.330 milhões com compras no Exterior. Em segundo lugar ficou a Aço Cearense Industrial Ltda, que movimentou US$ 116.611 milhões. O superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo Bezerra Neto, informou que a compra de geradores para torres de energia eólica é a responsável por grande parte destas importações. ``O Ceará e o Rio Grande do Norte são os estados com melhores condições de vento, isso atrai investimentos. Temos como produzir por aqui os geradores, mas acredito que não em menos de um ano``, antecipou e disse que existem dois projetos para a implantação de fábricas no Ceará. As pás e as torres dos cataventos que produzem a energia eólica já são feitas em terras cearenses, mas segundo Bezerra ainda não basta. Diversificação Outros bons exemplos da entrada indiana e chinesa no Ceará são os artigos de porcelana. O metro do porcelanato custa no Brasil R$ 110, em média, já os chineses vendem o mesmo metro por R$ 33. Segundo o membro do Conselho de Política Econômica do CIN, Fernando Castelo Branco, a terceirização empregada pelas empresas cearenses é uma tendência mundial. ``Acontece em todos os países. A Índia e a China estão invadindo o mundo com seus produtos, mesmo que na etiqueta estejam marcas não asiáticas``, explicou. A maior vantagem é mesmo a redução de custos. ``Principalmente na mão de obra e dos encargos trabalhistas, que por lá são irrisórios``, afirmou Castelo Branco. Para ele, o problema é que a cada etapa da cadeia produtiva no Brasil maior é a carga tributária. ``Se a produção tiver apenas duas fases com certeza os impostos seriam menores. O produto feito aqui, com todos os encargos e tributos, recebe o reflexo no custo``, avaliou e completa. ``Os incentivos deveriam ser levados para o setor produtivo também e não apenas para os exportadores``, disse.

Fonte: Carlos Henrique Coelho chenrique@opovo.com.br - O Povo Online 13/10/2009

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