06/06/2012

Diretor-geral da Aneel: Proinfa atrasou indústria eólica em pelo menos três anos



Nelson Hubner diz que atrasos do programa deixaram em suspenso ideia de leilões, que depois alavancaram o setor

 O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, disse nesta terça-feira (5/6) que continua com a opinião, já manifestada em 2009, de que o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), criado pelo governo federal para impulsionar a geração eólica, atrasou a evolução da fonte no País em "pelo menos três anos".

Durante debate sobre o destino de usinas contratadas pelo programa que entraram em operação somente em 2011 - quando o prazo original era o final de 2006 -, Hubner foi veemente nas críticas ao modo como o Proinfa foi conduzido. O regulador lembrou que acompanhou a iniciativa desde o início, em 2002, quando estava no Ministério de Minas e Energia, e, portanto, poderia fazer algumas colocações sobre o assunto que pareceriam "até arrogantes".

O Proinfa foi lançado, de fato, em 2004, e os parques eólicos deveriam entrar em funcionamento no final de 2006, com contratos de venda da energia gerada para a Eletrobras válidos por um período de vinte anos. A tarifa desses acordos, atualizada pela inflação, está hoje na casa dos R$307 por MWh.

Hubner afirma que em 2006, quando ficou claro que os projetos não sairiam do papel e aconteceu a primeira prorrogação do prazo, para 2008, era claro que o problema havia sido o índice de nacionalização proposto, uma vez que havia apenas um fabricante do setor instalado no Brasil.

De acordo com o dirigente da Aneel, apenas um investidor cumpriu o cronograma original. E, em 2007, quando houve uma cerimônia para comemorar um ano da entrada em operação daquela usina, já havia o sentimento de que "estava na hora de deixar de lado o Proinfa e começar uma política de incentivo por meio de leilões competitivos". Mas, quando a ideia foi apresentada, "caiu por terra" frente ao atraso de todas as demais eólicas enquadradas no programa pioneiro.

"Foi uma dificuldade muito grande para que a gente conseguisse convencer novamente o governo brasileiro de que tinha espaço e poderia se fazer leilões para essa fonte. E começamos a fazer (em 2009) e foi de fato o que alavancou a própria implantação da indústria no Brasil", analisa Hubner. Para ele, "não foi o Proinfa que permitiu" esse avanço dos fornecedores, mas sim "a política permanente de leilões competitivos que começou depois de 2009".

Com as sucessivas prorrogações dos prazos, houve usinas do Proinfa concluídas somente em 2011, o que, para Hubner, distorce os objetivos do programa. "Esses contratos estão completamente desequilibrados. Estamos contratando parques com a mesma capacidade, sendo construídos na mesma época, com a mesma tecnologia, pela metade do preço", lamenta.

O regulador chegou a sugerir uma revisão nas tarifas de remuneração do Proinfa, que, assim, seriam estabelecidas em R$234 por MWh, conforme proposta pela área técnica da Aneel. A ideia, porém, não foi acatada por mais nenhum dos dos diretores do órgão.

Hubner ainda contou uma história de bastidores sobre os primórdios do tão polêmico Proinfa. Segundo ele, houve uma reunião com um dos agentes investidores com parques enquadrados no programa. A empresa, estrangeira, estava preocupada com os riscos de não cumprir o cronograma, de conclusão ainda em 2006.

"Em tive que fazer uma ginástica imensa para justificar para esse agente, que não estava acostumado com o modus operandi do País, que não era assim, que ele poderia recorrer. No fundo, era para não dizer para eles 'não, vamos dar um jeitinho e prorrogar até 2008, 2011, enfim, até todo mundo conseguir entrar'. Eu não podia falar isso para um agente estrangeiro interessado em investir no País, mas no fundo é isso que aconteceu", desabafa.

Por outro lado, o diretor André Pepitone fez exaltações ao programa federal e disse que ele foi "um grande acerto" do setor. "Se pagou aquele preço alto para introduzir a energia eólica e o setor está colhendo os frutos hoje (as tarifas mais baixas da fonte nos leilões recentes)".

Hubner retrucou e disse que "o Proinfa foi uma belíssima política pública, mas que foi feita em 2004 para entrada dessa energia até 2006". E concluiu. "A gente está discutindo isso em 2012? Tinha que ter encerrado lá. Se tivesse matado em 2006, tínhamos feito leilão em 2007, 2008, e acelerado muito mais o processo (de inserção das eólicas na matriz)".


Parques eólicos do Proinfa concluídos em 2011 perderão tempo de contrato



Diretoria da Aneel decide que prazo de contratação da energia começou a contar em 2006

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu nesta terça-feira (5/6) que os parques eólicos contratados pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) que começaram a operação em 2011 terão um período menor de remuneração. Isso porque, após debate, o órgão regulador entendeu que os contratos, pelos quais a Eletrobras compraria a energia gerada por um período de vinte anos, começaram a contar em dezembro de 2006, independente de as usinas estarem prontas ou não.

Depois de um acalorado debate, em que investidores do setor eólico defenderam que tal medida implicaria em quebra de contratos e insegurança jurídica, os diretores ignoraram o parecer do relator do processo, André Pepitone, e votaram junto ao diretor Julião Coelho, que propôs que os contratos não fossem ajustados aos cronogramas reais das usinas.

"Nos diversos casos em que a gente discute atraso de empreendimentos, tanto de geração, quanto de transmissão, mesmo que ele ocorra por excludente de responsabilidade, não deslocamos o termo final do contrato. O prazo de contratação é de vinte anos a partir da data planejada, que era 2006. Se teve atraso, não implica em mudança. É assim que sempre entendemos, e não há razão para ser diferente no caso do Proinfa", argumentou Coelho.

Criado por lei de 2002 e lançado, de fato, em 2004, o Proinfa previa a compra de energia de fontes alternativas - como eólicas, PCHs e usinas a biomassa - pela Eletrobras, para viabilizar a inserção dessas formas de geração na matriz. Os empreendimentos eólicos, porém, enfrentaram dificuldades para atender os índices de nacionalização previstos, uma vez que apenas um fabricante estava presente no País à época. Com isso, os prazos de implantação das usinas foram prorrogados por diversas vezes pelo governo federal. A última postergação aconteceu nos dias finais do governo Lula, em 2010, por meio da Medida Provisória 517, posteriormente aprovada pelo Congresso.

O relator André Pepitone entendia que a Aneel não poderia revisar cláusulas como preço e prazo, uma vez que o governo federal é quem havia pedido mais prazo para o programa. E a própria Eletrobras, contratante, teria mostrado aceitar a medida, por ter assinado aditivos aos contratos.
Julião Coelho, porém, argumentou que a Advocacia-Geral da União (AGU) passou à Aneel a tarefa de regulamentar o decreto que prorrogou o Proinfa. "A gente tem que regulamentar e, na hora de regulamentar, tem que ser da forma mais eficiente", defendeu.

O diretor-geral da agência reguladora, Nelson Hubner, foi mais veemente e fez duras críticas ao Proinfa. Ele disse que o programa "atrasou em pelo menos três anos a implantação da indústria eólica no Brasil" e defendeu, inclusive, uma revisão nas tarifas pagas às usinas que atrasaram. Isso porque essas plantas serão remuneradas com cerca de R$307 por MWh, enquanto os leilões mais recentes têm contratado usinas a vento por preços na casa dos R$100 por MWh. A posição de Hubner sobre os preços, porém, não foi seguida pelos demais diretores.


31/05/2012

Como funciona a energia eólica?

Clique aqui para uma sequência de vídeos bem didática para entender a energia eólica. É muito bom para indicar aos colegas leigos ou estudantes. 
Bom proveito a todos!


28/05/2012

Custo de construção de eólicas caiu 45% desde o Proinfa, estima BNDES


Banco também divulga ranking de fornecedores eólicos após primeiros certames com eólicas

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estima que o investimento necessário para construir cada MW de um parque de geração de energia eólica no Brasil caiu 45% desde os tempos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). A iniciativa, lançada em 2002 pelo governo federal para contratar as primeiras usinas da fonte no País, tinha um custo médio de R$6 milhões por MW instalado. No leilão A-5 do ano passado, que viabilizou quase 1GW eólico, tal valor ficou em R$3,3 milhões por MW.

Os números aparecem em apresentação feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) durante evento da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) realizado em São Paulo. Contratadas por tarifas incentivadas, as plantas do Proinfa hoje vendem a geração a cerca de R$309,30 por MWh. O montante é quase três vezes maior que o preço-médio do certame do ano passado, de R$105 por MWh.

O banco do governo estima que somente as melhores condições oferecidas em seus financiamentos para projetos eólicos foram responsáveis por uma redução de 25% nas tarifas. Do outro lado, a queda nos valores dos equipamentos ajudou a baixar o custo geral dos parques.

As usinas contratadas entre 2005 e 2010 já receberam R$1,8 bilhões do BNDES, de um total de R$2,8 bilhões em financiamentos concedidos. Tais projetos somam 1GW e R$5,3 bilhões em investimentos. Em 2011, foram 1,1GW financiados com R$3,4 bilhões, dos quais R$2,2 bilhões já foram liberados. Neste ano, o banco estima aumentar em 30% o ritmo.

Atualmente, entre usinas contratadas em processo de liberação de recursos, plantas em análise, projetos enquadrados e em carta-consulta, o BNDES conta 107 parques eólicos. Os empreendimentos somam R$12,3 bilhões em investimento, sendo que o banco deve financiar R$8,2 bilhões
Mercado

A apresentação do BNDES também aponta que, contabilizando usinas do Proinfa e dos leilões de 2009 e 2010, o mercado para aerogeradores no Brasil acabou liderado pela alemã Wobben, pioneira do setor, com 20% dos contratos, somando 958,6MW instalados. Na segunda colocação, aparece a argentina Impsa, também das primeiras a chegar no País, com 798MW. Em terceiro, vem a indiana Suzlon, com 793MW.

Ainda aparecem na lista a americana GE, com 777MW, a espanhola Gamesa (300MW), os franceses da Alstom (252MW) e a Acciona, também da Espanha (120MW). Com fatia menor aparecem a alemã Siemens (78,2MW) e a chinesa Sinovel (30MW). Há, ainda, 177,6MW, ou 4% do mercado, com contratos ainda não fechados.

Confira o gráfico:


25/05/2012

Leilão A-3 e A-5 de 2012 adiados.

Abaixo segue extrato das portarias do MME adiando os leilões A-3 e A-5 de 2012. O cadastramento também será reaberto. O A-3 poderá ter projetos cadastrados até 28/06 enquanto o A-5 tem até 05/07. Permanece a situação de sobrecontratação e problemos no licenciamento das UHE´s além da indefinição com relação aos contratos da Bertin.
Fonte: Diário Oficial e Excelência Energética
PORTARIA No- 312, DE 23 DE MAIO DE 2012 Art. 1o A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL deverá promover, direta ou indiretamente, no dia 11 de outubro de 2012, o Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração, denominado Leilão "A-3", de 2012, para início de suprimento de energia elétrica a partir de 1o de abril de 2015. 
 • PORTARIA No- 313, DE 23 DE MAIO DE 2012 A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL deverá promover, direta ou indiretamente, no dia 25 de outubro de 2012, o Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração, denominado Leilão "A-5", de 2012, para início de suprimento de energia elétrica a partir de 1o de janeiro de 2017. 

14/05/2012

Abeeólica: 636MW em usinas ficarão prontas antes de ICGs


Por Luciano Costa - Jornal da Energia

Parques eólicos terão que esperar conclusão de linhas de transmissão para começar a gerar.
A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) estima que 636MW em usinas a vento não poderão gerar energia na data prevista, mesmo estando totalmente concluídas. A culpa é da falta de sistemas de transmissão para escoar a produção. Tais parques, viabilizados pelo primeiro leilão da fonte realizado no País, em 2009, seriam conectados a ICGs – centrais de conexão compartilhada – no Rio Grande do Norte e na Bahia.
De acordo com Élbia Melo, presidente-executiva da entidade, os proprietários das usinas são CPFL, Dobrevê Energia e Renova. Apesar da falta de condições para produzir, esses empreendedores receberão a receita acordada nos contratos, uma vez que não tiveram culpa no atraso. Para isso, Élbia acredita que a Aneel fará algum tipo de vistoria nos projetos, para verificar se eles de fato estão prontos e foram prejudicados somente pela falta de ICG.
Tais ICGs, aliás, estão sob responsabilidade da estatal Eletrobras Chesf, que também já vê dificuldades para cumprir o prazo de centrais que vão escoar a energia de eólicas que precisam entrar em funcionamento no ano que vem. A companhia enfrenta problemas com o licenciamento ambiental das instalações, o que prejudicou os cronogramas.
Agenda
A entidade que reúne investidores eólicos calcula que somente 5% dos parques licitados em 2009 terão maiores atrasos, por ainda não terem iniciado obras. Outros 8,1% devem ficar fora de cronograma, mas estão com a construção em andamento. A maior parte, 36,5%, está dentro do prazo e outros 11,1% foram adiantados e já se encontram em operação.
De acordo com o levantamento da Abeeólica, existem ainda 10% de usinas que foram à Aneel pedir postergação das datas por fatos alheios à sua responsabilidade. O certame contratou 1.841MW em parques eólicos, que precisam iniciar a operação em 1 de julho deste ano.
Elbia ainda esclarece que os dados colhidos pela associação diferem dos da Aneel. Isso porque o relatório de fiscalização da agência reguladora se baseia em planilhas pré-prontas, muitas vezes não preenchidas de forma adequada pelos agentes ou apoiadas em critérios próprios. Os números da Abeeólica são resultado de uma consulta feita individualmente a cada investidor.

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