17/08/2023

Apagão de 15/08 iniciou com atuação do ERAC: Faltou carga girante no SIN


O sistema elétrico teve um período turbulento nas últimas 48 horas. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou uma avaliação técnica sobre os problemas que aconteceram em 15 de agosto. O problema começou em uma linha de transmissão de propriedade da Eletrobras Chesf. Uma falha no sistema de proteção causou o desligamento dessa linha, que teve um efeito em cascata inesperado.

Em linguagem simples, isso causou interrupções de energia em várias regiões, incluindo Norte e Nordeste, afetando cerca de 27% da carga total. Para evitar um colapso maior, o sistema de segurança entrou em ação, cortando partes da carga controladamente.

Fontes do ONS informaram que houve uma redução do limite de exportação de energia da região NE para o resto do Brasil na última quarta-feira reduzindo de 13 para 8 GigaWatts. Na prática, o ONS reduziu a participação de eólicas e solares no atendimento da carga do País e disponibilizou mais unidades geradoras síncronas ao sistema: Usinas hidrelétricas e Térmicas!

Com a medida adotada hoje,  o Sistema Interligado Nacional (SIN) tornou-se mais robusto e capaz de manter estável  a frequência em 60 Hz em casos de novos distúrbios uma vez que foi aumentada a massa girante do sistema (maior potência). Essa medida do ONS adotada hoje indica de que o sistema no momento da intercorrência de ontem era operado sem um número mínimo necessário de geradores síncronos em operação dentro de um limite de segurança. 

Como o SIN não foi capaz de suportar uma distúrbio na rede a frequência da rede caiu de 60 Hz para 59 Hz e seguiu caindo para 58 Hz acionando  o sistema de proteção ERAC (Esquema Regional de Alívio de Carga)  que isolou o distúrbio e impediu que se propagasse mais ainda por todo o país. Diante da mudança da programação do sistema promovida em 16/08, as usinas hidráulicas estão gerando muito mais do que no momento do apagão. Caso ocorra a mesma falha, não haverá uma nova interrupção. 

No entanto, esta constatação é um indício de que a queda no consumo de energia  elétrica nacional, que tem resultado em restrições de geração a maioria dos geradores de energia eólica e solar fotovoltaica pelo país, fez o sistema sofrer com o excesso de usinas assíncronas (eólicas e solares) na operação do sistema. Fenômeno similar ocorreu na Califórnia, levando a investimentos massivos em armazenamento de energia (Energy Storage). 

O ONS está investigando mais a fundo, e vai compartilhar um relatório detalhado sobre o que aconteceu e as medidas para evitar futuros problemas. Por enquanto, o sistema está sendo operado com mais precaução, reduzindo o carregamento das linhas de transmissão.

As equipes do ONS continuam trabalhando para entender melhor o que aconteceu e garantir a segurança do sistema no futuro. 

Com informações do ONS.

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