05/01/2012

Aneel aponta 8,8GW em usinas atrasadas e sem previsão de operação; quase 1GW é de eólicas

Relatório de fiscalização da agência tem térmicas como maiores vilãs, com 4,3GW em projetos com problemas de cronograma
O último relatório de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que data do final de dezembro, aponta que 8.845MW em projetos de geração estão com problemas de cronograma e sem previsão de entrada em operação. Desse total, 4.600MW são vistos como empreendimentos com "graves restrições" e apontados em vermelho no documento. Tais complicações podem ser decorrentes de fatores como suspensão do processo de licenciamento, demandas judiciais, solicitação de rescisão amigável do contrato de concessão ou até mesmo declaração de inviabilidade de execução devido a questões ambientais. 
De acordo com os dados, as maiores vilãs são as termelétricas, que respondem por quase metade das usinas sob risco de não cumprir os prazos estabelecidos. Entre as plantas a combustíveis fósseis, são colocados pela agência reguladora 2.328MW como sem qualquer previsão de início da geração de energia. Outros 499MW estão também sem data para entrar, mas somente com a luz amarela ligada - o que representa entraves como falta de licença ambiental, obras não iniciadas ou contrato de combustível indefinido. 
Nas geradoras a biomassa, são enumerados 1.312MW em usinas com problemas e 243,2MW com restrições graves, somando 1.555MW sem expectativas de cumprimento do cronograma. Aparecem nessa lista seis projetos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) que representam 137MW em potência. Essas usinas, enquadradas no programa do governo federal, teriam garantida a venda de energia por 20 anos para a Eletrobras. 
Entre os parques eólicos, que ultimamente são vistos como as "meninas dos olhos" do setor, há 990MW com indícios de atraso, sendo 562MW vistos como casos mais complicados. Esse número, porém, está concentrado em três usinas com problemas, como a de Quintanilha Machado, no Rio de Janeiro, que pediu rescisão de contrato amigável junto ao Proinfa. Já os outros 427MW para os quais a Aneel alerta se dividem entre 125 empreendimentos. 
As hidrelétricas apresentam também complicações, com 2.315MW sem projeções para geração de energia. Desses, 681MW são mais problemáticos. A maior parte dos apontamentos no relatório da Aneel, porém, é de usinas licitadas no modelo antigo do setor elétrico e que estão travadas devido a problemas ambientais - como as UHEs Pai Querê, Couto Magalhães e Itaocara. 
Das plantas licitadas mais recentemente, apenas Teles Pires, Colíder e Santo Antônio do Jari são vistos com restrições, mas, ainda assim, com a expectativa de cumprimento dos prazos e, até mesmo, de antecipação.
Já nas hidrelétricas de pequeno porte, as PCHs, aparecem 1.156MW sem expectativas de conclusão, dos quais 784MW com entraves maiores. Dessas, três são usinas do Proinfa, todas vistas como com graves complicações e somando 32MW com a luz vermelha acesa. 
Somando todas as fontes, o levantamento da Aneel prevê a entrada em funcionamento de 10.745MW em novas usinas ao longo de 2012. Em 2012, devem ser outros 10.886MW a começar a geração. Ao todo, o relatório contempla 50.625MW em projetos fiscalizados, com operações previstas entre 23 de dezembro de 2011 e o final de 2019.

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