22/06/2016

Pesadelo Logístico Brasileiro: Mais um entrave para o crescimento do setor eólico.

Quem dera a notícia relatada por Caio Spechoto e Raphael Hernandes para a Folha de São Paulo fosse um exceção no Brasil. Infelizmente trata-se da regra. Nossas fronteiras eólicas extendem-se pelo sertão da Bahia, Pernambuco, Piauí e ainda pelos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba. Nestas regiões, não foi uma ou duas vezes que foi necessário construir ou reformar estradas para ter um mínimo de segurança para trafegar com os grandes componentes de um aerogerador. 

E pensar que já se passaram mais de 12 anos desde o início das obras do PROINFA. Já são conhecidas as áreas potenciais há muito tempo. Faltou o planejamento para melhor aproveitar esta fonte de energia tão impressionante. Recomendo a leitura da matéria a seguir: 

Enviar peça para o NE é tão caro quanto para os EUA, diz empresário

O custo para transportar uma pá de turbina eólica construída em São Paulo para o Nordeste brasileiro é o mesmo do que enviar para os EUA, o triplo da distância.

A informação foi apresentada nesta terça (21) por Marcelo Soares, presidente da Tecsis, empresa que exporta pás para produção de energia eólica, durante a abertura do segundo dia do Fórum Economia Limpa, promovido pela Folha e Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade).

A companhia faz suas peças em Sorocaba (SP) e as envia para cidades do interior do Nordeste e para Houston, nos EUA, entre outras localidades.

As más condições de transporte no Brasil e a alta tributação fazem com que o custo da logística fique entre 10% a 15% do preço da peça no país; para os EUA, é de 12%, segundo o presidente da empresa.

Veja a notícia completa na Folha

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21/06/2016

Renova cancela contrato de energia no mercado livre com a CEMIG

Crise pressionando o Setor Eólico. O mercado livre tem condições de se adequar e por isto é possível que contratos vinculados a project finance de parques eólicos venham a ser cancelados no futuro. De certa forma, o mercado regulado manterá um certo crescimento do setor. Mas a que custo? Mais indícios da necessidade de revisão do modelo institucional do SEB. Vejam a matéria da Ambiente Energia.

Renova cancela contrato para instalação de usinas eólicas

Em comunicado ao mercado, a Renova Energia informou que cancelou um contrato de venda de energia que havia assinado junto à Cemig para fornecimento a partir de janeiro de 2019. 
O acordo demandaria a instalação de 25 usinas eólicas em Jacobina, na Bahia, em um total de 676,2 megawatts em capacidade instalada.

Segundo a Renova Energia, a crise em voga no país tem contribuído com que a empresa tenha dificuldades para tocar elevados investimentos em projetos eólicos já contratados, em meio à recessão e às elevadas taxas de juros. “Esse cancelamento reduz de forma significativa a necessidade de investimentos bem como melhora a posição de liquidez da companhia. Esta ação demonstra a firme intenção de redimensionar o portfolio de negócios da companhia, otimizando investimentos e readequando sua estrutura de capital”, disse a Renova no comunicado.

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06/06/2016

Setor Elétrico Brasileiro. Necessidade de Rever o Modelo

A seguir apresento nossa primeira colaboração para o blog. Compartilho boa parte das ideias do colega. Segue a colaboração de André Mansur Rocco.

Indiscutivelmente, um dos fatores de grande importância para o desenvolvimento da produção industrial de um país é o acesso à energia elétrica de qualidade e de preço competitivo, seja no campo ou na cidade. O Brasil, apesar de ser o pais com um dos maiores parques hidrelétricos do mundo, é também um dos países com o preço da energia mais cara do mundo. E a diferença é gritante. Nos países industrializados, como são os do continente europeu, americano e asiático, os preços chegam a ser menos da metade do que os praticados no Brasil. 

A que se deve isso? Na composição do preço do MWh no nosso pais, uma grande parte é representado por tributos e encargos. Daí vem a pergunta: parte desses encargos, em última instância, não são justamente para se obter a modicidade tarifária, ou seja, preços justos e acessíveis à todos no território nacional? E os tributos, não seriam, em última instancia, para promover o bem estar social? Salvo engano, temos o maior sistema interligado do mundo. Será isso ainda necessário? Temos um Setor altamente regulado, que chega ao ponto de os especialistas da área mal conseguirem acompanhar a quantidade de atos regulatórios lançados, desde leis à medidas provisórias, passando por projetos de lei inclusive. Será isso tudo necessário? E se houvesse apenas uma regra: "você deve honrar com seu contrato"? Tenho quase certeza que o mercado se arranjaria, mesmo nos casos de atendimento rural, não iria faltar criativos empreendedores para atender a esse mercado. E nos casos das favelas, que geram prejuízo por causa dos gatos? Tenho quase certeza que depois de um tempo sem energia, eles iriam se ver obrigados a criar uma mentalidade coletiva para que todos tenham acesso à energia. Mas não é só a regulação e o sistema interligado, que do meu ponto de vista, transformam um setor hidrotérmico em um dos mais caros do mundo: o monopólio do gás pela Petrobras também tem parte nisso. Quantos empreendedores poderiam estar fazendo suas térmicas a gás perto dos centros de carga, se não fosse esse monopólio. A Petrobras detém o monopólio dos gasodutos, inviabilizando qualquer projeto inteligente. Inviabilizando o empreendedorismo. O modelo de contrato hoje imposto pela Petrobras (take or pay) inviabiliza térmicas à gás no Mercado Livre de Energia é também um importante fator inibitório da expansão dessas térmicas. Nisso, o carvão tem sido cada vez mais explorado. Isso mesmo, carvão. Em muitos casos se apela para a biomassa, que a principio parece ser coisa boa quando se aproveitam rejeitos, mas que deixa de sê-lo quando a cultura da cana passa a ter a finalidade exclusiva para alimentar essas térmicas à biomassa, invertendo totalmente a ordem das coisas.

Esta é a impressão que tenho do setor atualmente. Espero que os colegas e amigos da área possam complementar de forma mais precisa essa visão.  

André Mansur Rocco é Engenheiro Eletricista com habilitação em Engenharia de Produção e Sistemas, pela UFSC. Cursou o MBA do Setor Elétrico, pelo ISAE/FGV e atualmente cursa Mestrado na UFPR em Engenharia Elétrica, na área de Sistemas de Potência. Atua na área de Comercialização de Energia Elétrica e também tem experiência no Planejamento do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica. É também um estudante da Escola Austríaca de Economia. Agora é também um colaborador do Energia Eólica Brasil. 

Se você deseja colaborar no blog envie um e-mail para contato@energiaeolicabrasil.com.br

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30/05/2016

Novo presidente da EPE será Luiz Augusto Barroso da PSR. Vem revisão do Modelo Instucional do SEB por aí?


O site do MME divulgou hoje a nomeação de Luiz Augusto Barroso como o novo presidente da EPE. Luiz Barroso é matemático, com doutorado em matemática aplicada (otimização) ao setor elétrico. Atualmente, é diretor executivo da PSR, consultoria na qual atua há cerca de 18 anos, liderando estudos de planejamento, regulação, finanças, gestão de riscos e comercialização de energia no Brasil e em mais de 30 países (Fonte: MME) .

Nosso segmento é extremamente dependente da EPE. Dependemos deles para cadastro em novos leilões e para "validar" outorgas da ANEEL. No entanto, a principal dependência é quanto aos rumos que a expansão do setor elétrico tomará no futuro. É EPE que lidera os Planos Decenais de Expansão (PDEs) e o Plano Nacional de Energia. Estes documentos, embora bastante dinâmico, contém as premissas para as características da expansão do Setor Elétrico Brasileiro. 

Sob Tolmasquin a EPE teve uma gestão em certos momentos controversa, mas no geral adequadas as necessidades do setor de energias renováveis. A chegada de Barroso demonstra uma opção por um ambiente de planejamento mais centrado no mercado e nos agentes e menos acadêmico e centralista. Basta analisar os artigos da PSR para chegar a esta conclusão. 

O setor de fontes alternativas, em especial a eólica, não deve ficar intranquilo com a chegada de Barroso. A PSR tem grande tradição no setor elétrico e são muito conhecidos pela experiência com UHEs. No entanto, foi a PSR a autora do estudo sobre energia eólica que auxiliou na tomada de decisão do MME pela promoção do primeiro LER (Leilão de Energia de Reserva) exclusivo para a fonte eólica em 2009. Este leilão foi um marco na revitalização da fonte eólica no mercado brasileiro depois de um PROINFA tão cheio de percalços. Este mesmo entende a dinâmica da fonte eólica e das demais renováveis indicando sua preocupação com a intermitência da fonte e preocupados com uma definição adequada das garantias físicas desta fonte. Mais segura

Reflito esta tranquilidade citando parte do artigo de Barroso e seus colegas Mario Veiga e José Rosenblatt:
"Em nossa opinião, as bases do modelo setorial são solidas e permitem atingir os objetivos que queremos, que são os da segurança de suprimento e modicidade tarifária. No entanto, o modelo é uma peça de relojoaria, com muitas engrenagens que precisam operar “encaixadas”. O que está ocorrendo hoje é que suas engrenagens estão desencaixadas. Precisamos assegurar a existência e sustentabilidade do ACL, buscar a isonomia concorrencial entre o ACL e ACR, qualidade na informação contida nos preços de curto e longo prazo e trabalhar arduamente para a estabilidade regulatória. Estes são os ingredientes que permitem eficiência econômica e o funcionamento eficiente do setor."  Fonte: PSR.

Podemos ficar tranquilos. O setor elétrico ganha com a chegada de Barroso. E a eólica também. 

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17/05/2016

Desinvestimento no setor de energias renováveis? Cemig Discorda.

Cemig descarta desinvestimento na Renova. Empresa, porém, mantém estratégia de vender ativos fora de seu core business.

A situação econômica do país realmente sugere a venda de ativos e desinvestimento estatal. No caso da CEMIG é importante o foco no seu core business, o que faz completo sentido. Os negócios em distribuição de gás e telecomunicações claramente estão fora do histórico da estatal mineira. Interessante notar como os segmentos do Setor Elétrico Brasileiros são complementares. Uma receita perfeita com 1/3 de competição e 2/3 de monopólio natural.

O Setor de Distribuição, altamente regulado, pode ser considerado um negócio de rentabilidade garantida desde que se respeite a regulação do setor. Não consideremos nesta regulação a recente e excessiva interferência do governo em busca de diminuição de tarifas do setor elétrico. Ao focar no atendimento das exigências e padrões de avaliação da ANEEL garante-se que o investimento da Distribuidora também resulte manutenção de um valor adequado do WACC, a taxa de retorno do negócio de distribuição. O segmento de Transmissão opera de forma análoga à distribuição de energia elétrica. A vantagem reside na oportunidade de novas concessões a medida em surge a necessidade de expansão do sistema de transmissão com a inclusão de novas subestações e linhas de transmissão além da receita garantida em função de uma concessão definida (sem crescimento orgânico, isto é, cada concessão de transmissão tem uma infraestrutura e receita definidas e revisadas sempre que houver ampliações). A geração é o setor menos regulado e consequentemente mais o mais competitivo do setor elétrico. E aí reside a necessidade de uma boa estratégia de participação em energias renováveis. Esta estratégia se fundamenta pela crescente participação desta fonte na matriz elétrica brasileira e pela competitividade crescente das fontes eólica e solar.

Aliada à grande experiência da companhia (e do Brasil) em hidroeletricidade, não se vê decisão mais adequada do que a manutenção dos 27% da Renova. Que esta decisão auxilie no sucesso da estratégica da Cemig e que se conserve uma gestão profissional e sem interferência política na companhia. O negócio de energia elétrica é perene e deve ser pensado em termos de décadas ao invés de anos.

Sugiro a leitura da excelente matéria de Wagner Freire para o Canal Energia.

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15/05/2016

Novidades!!!

Agradeço muito aos que acessam e leem o meu blog. A novidade que é que finalmente conseguimos o site www.energiaeolicabrasil.com.br e agora vocês já podem acessar por este endereço!

o twitter continua o mesmo!! @energiaeolicabr. Em breve no Facebook!

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