14/01/2013

Resumo do ano 2012: Erros de Energia

Depois do que ocorreu no A-5 de 2012, da complicações criadas pela MP-579 e da sucessão de matérias com mais de seis meses de atrasos (já havia citado aqui) sobre os atrasos nas linhas de transmissão e real ameaça de racionamento pensei em escrever algo resumindo tudo que acontece em linguagem didática. Aí a Miriam Leitão fez antes e ficou do jeito que eu pensava fazer. 

Então segue o artigo publicado no O Globo.


Agora em 2013, entrariam em operação 6.000 MW de energia de térmicas que foram arrematadas num leilão de 2008 para entrega em cinco anos. Foram todas vencidas por um grupo neófito, que migrou da pecuária para a geração térmica com incentivo, benção e financiamento do BNDES: o grupo Bertin. O governo não exigiu conhecimento na área. O país perdeu.

O caso Bertin foi um fracasso no setor de geração e deu com os bois e os burros n’água. Ele não conseguiu fazer o que arrematou e devolveu os projetos. Se o setor de energia tivesse exigido experiência do grupo que venceu os leilões, se tivesse havido noção de que aquela concentração era perigosa, o país poderia ter mais 6.000 MW entrando agora.

No ano passado, havia quem no Operador Nacional do Sistema quisesse começar a usar as térmicas mais baratas, as movidas a gás, para poupar água nos reservatórios. Mas prevaleceu o entendimento de que se chovesse bastante no período de chuvas seria recomposto o nível das barragens.

O governo resistiu o quanto pôde a entrar nas outras fontes renováveis, como eólicas. Quando o mundo já investia pesado nessa fonte, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, o governo dizia que era caro demais. Quando, enfim, decidiu levar essa fonte mais a sério, o preço caiu, como acontece sempre em economia de escala. Parte dos parques eólicos, no entanto, está sem interligação por falta de linhas de transmissão. Hoje, há o mesmo desprezo por energia fotovoltaica. E, contudo, ela vai se firmando como uma das opções para compor uma matriz diversificada como tem que ser.

Quando se fala que faltou planejamento, é disso que se trata. Esses três exemplos ilustram a falta de um comando no Ministério das Minas e Energia que tome providências certas no tempo exato.

Nas crises, as autoridades culpam “problemas ambientais” pelos atrasos. É como se o meio ambiente fosse um estorvo. Consórcios, empresas, governo não cumprem determinações do licenciamento e depois culpam as decisões judiciais. O que é necessário é levar sempre em consideração a variável ambiental na hora de fazer as escolhas e cumprir o exigido e assinado nos contratos.

Nas crises, aparecem todos os lobbies de volta. O setor elétrico é fragmentado em interesses os mais diversos. Tem os barrageiros, que acham que a solução será sempre hídrica. O problema aí é que o potencial remanescente está cada vez mais fundo na floresta e os custos não estão bem avaliados. Custos financeiros e fiscais, além dos ambientais e sociais. Uma hidrelétrica a dois mil quilômetros dos centros de consumo exigirá esforço enorme e caro em linhas de transmissão. Já apareceram defensores de se refazer o projeto de Belo Monte na forma original, com cinco hidrelétricas que inundariam uma enormidade no meio da mata. E há sempre os que defendem a nuclear.

O que é preciso perguntar é se é o melhor continuar apostando tanto em energia hidrelétrica, quando os regimes hídricos estão ficando cada vez mais imprevisíveis, e o Brasil já depende enormemente da energia das águas.

Reapareceram também defensores de usinas a carvão, que é a mais suja das fontes de energia, e os projetos que foram abandonados depois de 2009 eram em sua maioria dependentes de um carvão importado da Colômbia.

Se chover muito, acima da média, nos pontos certos de Minas Gerais, o Brasil poderá respirar aliviado, mas o país não pode ir de susto em susto. Precisa diversificar sua matriz com uma inclinação a favorecer as fontes mais limpas, não por exigência de movimentos ambientais, mas porque isso é mais sensato em tempos de mudança climática.


30/11/2012

Setor eólico se prepara para nova realidade a partir dos próximos leilões


Estabelecida a realidade de que apenas o A-5 será realizado e com um cenário completamente inclonclusivo sobre o montante de contratação, vamos novamente para o leilão. Novamente alterações no edital não comentadas com os agentes. Quando ocorrem geralmente tornam o processo ainda mais complicado. Vejam a matéria de  Fabíola Binas para o Jornal da Energia. Notem que a matéria fala em possibilidade de cancelamento do A-3. Esclareço o A-3 já está cancelado(ver post anterior). Segue:

De um lado, a competitividade pode fazer o preço da energia baixar ainda mais, de outro a indústria nacional teme perder clientes por não ter mais margem para reduzir os valores dos seus produtos

O setor eólico brasileiro está prestes a enfrentar um dos momentos de maior competitividade na sua recente história no Brasil. De um lado, a indústria é obrigada a investir ainda mais na nacionalização da produção, o que tem ocasionado o aumento de seus custos. Do outro, a possibilidade de uma demanda menor, em meio à possibilidade do cancelamento do leilão A-3, poderá levar os investidores para uma competição ainda mais acirrada no A-5. Os dois certames acontecem em dezembro, nos dias 12 e 14, respectivamente.

A presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo afirmou que o setor está se preparando para um eventual cancelamento do A-3. Por isso, Élbia explica que quase todos os projetos foram habilitados para os dois certames. “Sabemos que vai ser competitivo, mas estamos dispostos e com apetite para participar”, frisou após participar do Windpower Tech Brazil, em São Paulo.

A executiva lembrou que quando os projetos foram inscritos, a realidade do setor era outra, com taxas de câmbio diferentes das atuais, sendo que na época, os fabricantes ainda não sabiam que teriam que fazer mais investimentos para atender às exigências novas impostas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), para manter as linhas de crédito da indústria eólica (Finame).

Fabricantes
Entre os fabricantes que marcaram presença no encontro técnico, o comentário era o de que a indústria está em seu limite de custos. Eles alegam que, caso seus clientes decidam ser mais agressivos no leilão, oferecendo tarifas mais baixas pelo preço do MWh, não poderão abaixar os preços. “É uma preocupação, mas temos que ver o que vai acontecer”, disse um deles, que pediu para não ter o nome divulgado.

Fato é que toda a indústria eólica estabelecida no país se movimenta em torno de novos investimentos, como ampliação de plantas. A GE por exemplo, estuda a implantação de uma fábrica de naceles (parte da turbina eólica) no Brasil. “O BNDES está totalmente correto. Mas agora eles têm que considerar, junto com o governo, a nova realidade que se desenha”, analisou o diretor de vendas da GE Wind Latin America, Sérgio Souza.

“Os grandes fabricantes vão se se adaptar à nova realidade, mas o país tem um desafio nos próximos anos, que é o desenvolvimento dessa cadeia produtiva”, disse durante o debate, o gerente comercial da Impsa, Paulo Ferreira. “Também queremos essa cadeia produtiva sustentável, mas também temos um prazo curto para cumprir”, emendou Warwick David Heaney, gerente tecnológico da Vestas.

Apesar dos novos desafios do mercado, um dos executivos presentes lembrou que o BNDES está disposto a oferecer uma espécie de “bônus“ para aqueles fabricantes que aprimorarem suas linhas de produção além do exigido, o que seria um fator positivo, porém outro ponderou que “o governo tem que se conscientizar que não dá para ter a energia eólica mais barata do mundo fabricando tudo no Brasil”.

De acordo com Élbia Mello, dos 30GW inscritos nos dois leilões, 16GW - ou seja, mais da metade - correspondem a projetos eólicos. 


Lelão A-3/2012 Cancelado

Segue portaria do MME.  Fonte: Imprensa Nacional


PORTARIA No- 603, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2012
O MINISTRO DE ESTADO DE MINAS E ENERGIA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único, incisos II e IV, da Constituição, tendo em vista o disposto nos arts. 19 e 20 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004, resolve:

Art. 1º Cancelar o Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração, denominado Leilão "A-3", previsto para ser realizado no dia 12 de dezembro de 2012, conforme estabelecido no art. 1º da Portaria MME nº 554, de 23 de setembro de 2011.

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.


21/11/2012

Leilões de energia em dezembro interessam ao mercado


Matéria do Jornal Terceira Via

Eólica deverá se destacar pela estabilidade ou até queda nos preços

Deverão despertar grande interesse os leilões de energia marcados para dezembro. A incerteza do mercado em relação a preços – principalmente no setor de eólica – promete agitar o mercado. Com 637 projetos cadastrados e capacidade instalada de 15.667 MW, esse tipo de energia – que tem São Francisco de Itabapoana como referência no estado – o setor está entre os mais competitivos.

Para especialistas, como o diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Carlos de Miranda, os preços estáveis ou até mesmo em queda serão um grande atrativo e provocados por um mercado em grande competição.

Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia de Melo, esse é um setor que cresce a olhos vistos e que deverá receber investimentos da ordem de R$ 40 bilhões nos próximos oito anos.


20/11/2012

Gamesa prioriza Brasil em plano de negócios


Vejam a matéria Fabíola Binas para Jornal da Energia.

Emergentes devem avançar mais do que economias tradicionais e serão motores de demanda

Ao apresentar seu plano de negócios para o período 2013-2015, a espanhola Gamesa projeta uma mudança em seu mix de clientes, com regiões emergentes como a América Latina, por exemplo, ganhando mais espaço frente à mercados tradicionais como Estados Unidos e Europa, por conta do atual cenário econômico. “Determinados emergentes como Índia, México e Brasil serão importantes como motores da demanda”, pontuou a companhia durante apresentação do The Way Forward - Caminho a seguir, em português.

De acordo com o documento, outros países da América Latina como Chile e Uruguai também terão peso na nova configuração de mercado, além de regiões do continente africano. “Também temos confiança na Índia, que por conta da energia cara e da falta de infraestrutura, faz a eólica ter um papel importante no desenvolvimento do setor”, pontuou a Gamesa ao lembrar que ela foi o primeiro fabricante estrangeiro do setor a apostar no território indiano, o que traz um diferencial na hora de expandir mercado.

Diante das mudanças, a fabricante eólica prevê que seu patamar de instalações anuais caia dos 47,6 GW em 2012, para 42 GW no próximo ano, apresentando então um recuperação quando chegar aos 51,4 GW em 2014, montante que permanecerá praticamente estável em 2015. “Não podemos nos considerar especiais, temos que ser realistas e nos adaptar à nova situação de mercado”, afirma a empresa.

Cenário 
Em relação à desaceleração alguns mercados-chave, a Gamesa disse que a definição eleitoral nos Estados Unidos deve interferir nos negócios regionais - provavelmente porque Obama levanta a bandeira das fontes renováveis.

Outra questão levantada foi a falta de perspectiva de novas encomendas na Espanha, por conta da nova situação regulatória e a desaceleração econômica europeia.

A Gamesa aponta que a China estaria apresentando problemas por conta de 14GW que estariam sem conexão com o sistema, o que deverá levar tempo para ser resolvido, não acontecendo no curto prazo.


01/11/2012

Vá entender: Confiante, WEG quer aumentar presença no setor eólico


Quem acompanha as notícias do segmento sinceramente não entende qual é a estratégia da WEG para o segmento de energia eólica. Vejam a matéria de Wagner Freire para o Jornal da Energia. Pesquisem WEG no blog e verão como as notícias são conflitantes. 

Empresa apresentou lucro de R$194,7 milhões no terceiro trimestre, alta de 32,1% frente aos resultados de 2011

A catarinense WEG reafirmou nesta quinta-feira (25/10) suas perspectivas para o setor de equipamentos eólicos. Segundo o diretor de Relações com Investidores da companhia, Laurence Beltrão Gomes, o contrato firmado em setembro deste ano, que prevê o fornecimento de turbinas eólicas no montante de 90MW, é apenas o primeiro passo da empresa no setor.

De acordo com o diretor, esse primeiro contrato mostra que a empresa conseguiu desenvolver produtos interessantes para esse mercado, de alta tecnologia e fabricados localmente. "Esse contrato nos dá uma oportunidade de crescimento gradual, aumentando a nossa presença no mercado nos próximos anos", disse, em teleconferência.

Nesta quarta-feira (24/10), a WEG divulgou o resultado do terceiro trimestre do ano, apresentando um lucro líquido de R$194,7 milhões, alta de 32,1% se comparado com o desempenho apresentado em igual período no ano passado. E embora esteja engatinhando no setor eólico, a empresa é especialista na fabricação de motores elétricos, geradores, transformadores e subestações de energia elétrica.

Para 2013, segundo Gomes, a companhia projeta um desempenho semelhante ao deste ano. Ele destacou que “as condições de mercado continuam desafiadoras”, mas que a WEG vem mantendo sua política de aumentar sua competitividade. “Todo nosso trabalho é em aumentar a competitividade em relação aos nossos concorrentes de mercado.”

O gerente de Relações com Investidores da empresa, Luís Fernando Oliveira, lembrou que a política econômica adotada pela presidente Dilma Rousseff - de controlar o câmbio, diminuir as taxas de jutos, entre outras medidas adotadas pelo governo - impactam diretamente na indústria e em seus clientes. "Todos esses fatores contribuirão para aumentar a demanda no ano que vem. Os empresários precisam ter confiança e continuar investindo", observou.

Para atender o contrato de 90MW eólicos, a WEG possui uma unidade fabril de nacelles em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, com capacidade de produzir 65 nacelles por ano. Em 2014, serão 108 e, em 2015, 130 máquinas. Entre elas, um modelo novo, que deve começar a ser disponibilizado em 2014. Essa turbina terá 2,3MW, contra os 1,65MW das máquinas atualmente produzidas.

Gomes explicou que, como esse contrato de fornecimento é para atender um parque do Nordeste que vendeu energia em 2011, com início de suprimento em 2016 - os equipamentos serão entregues ao longo dos próximos anos.