03/03/2011

Bioenergy espera preço na casa dos R$140 por MWh no leilão de energia eólica deste ano

Companhia vai cadastrar 450MW em parques no certame; mercado livre também é visto como alternativa para viabilizar usinas
A Bioenergy, empresa especializada em geração a partir de fontes renováveis, acredita que o próximo leilão de energia de reserva e A-3, previsto para o final do primeiro semestre deste ano, chegará ao fim com um preço médio de R$140 por MWh para os empreendimentos eólicos. Segundo o presidente da companhia, Sérgio Marques, a Bioenergy vai cadastrar 450MW em usinas no próximo certame.
O executivo, porém, afirma que, caso a tarifa fique muito abaixo do previsto, a companhia vai preferir não vender energia e esperar uma taxa melhor de rentabilidade. "Vamos estar no leilão. Se a tarifa cair muito, a empresa prefere resguardar seu portfolio", disse. Nos certames realizados em 2010, o preço médio da fonte foi de R$133 por MWh.
A declaração do presidente vem logo após a Bioenergy confirmar a contratação de 54 turbinas eólicas da americana GE, ao custo total de R$250 milhões. Os equipamentos têm como destino a construção de quatro parques: dois em Guamaré (somando 28,8MW) e dois no município de Caiçara do Norte (que totalizam 57,6MW), ambos instalados no Rio Grande do Norte.
As usinas de Guamaré, que fecharam contratos no leilão de reserva em 2009, entrarão em operação ainda em agosto deste ano. Já os parques de Caiçara do Norte, que foram contratados no Ambiente de Contratação Livre (ACL), pela Cemig, serão inaugurados em agosto de 2012.
Marques ainda adianta que já há um pré-contrato maior com a GE, que prevê o fornecimento de mais 250 turbinas. Esses equipamentos serão implantados conforme o desempenho da empresa nos próximos certames. Somando os negócios, os acordos fechados entre GE e Bioenergy chegam a R$1,4 bilhão e envolvem um total de 304 turbinas eólicas.
O executivo também não esconde a expectativa de grande competição para o próximo leilão. "Esperamos um certame difícil. Houve muitas mudanças nas regras: período de medição, raio de atuação, certificação", analisa Marques. Ele também lembra que o custo dos parques vem caindo. Até pouco tempo, gerar 1MW de energia eólica exigia um investimento de R$ 5 milhões, em média. Hoje, segundo ele, esse valor já está abaixo dos R$ 4 milhões.
O presidente da Bioenergy destaca também sobre a competitividade da energia gerada a partir do vento. Segundo ele, a eólica se encontra hoje, em termos de competição, em pé de igualdade com outras fontes. "É só você ver os resultados dos últimos leilões. As pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) não estão vendendo (energia). O gás natural está sendo negociado a R$160 por MWh", exemplifica o executivo. Ele também afirma que a energia eólica é "muito mais competitiva" que a nuclear. "Angra 3 foi contratada a R$ 180 por MWh, isso com todos os subsídios que o governo oferece: isenção de PIS, Confins e financiamento do BNDES. Eu não tenho nenhuma vantagem dessa e mesmo assim consigo negociar a um valor mais interessante para o consumidor", compara Marques.
O executivo também não poupa críticas ao governo. Para ele, o que falta para a energia eólica decolar no Brasil é um projeto de longo prazo, o que proporcionaria a continuidade dos investimentos na área. "Nosso governo erra e erra feito ao não fazer um planejamento estratégico de longo prazo. Todo ano fica essa incerteza sobre os leilões. Ficamos submetidos à política da EPE [Empresa de Pesquisa Energética], resumida a um pequeno grupo de pessoas, para decidir se haverá ou não leilão eólico. Isso não pode acontecer", afirma.
Apesar das críticas à falta de certeza sobre os leilões, que contratam energia para o mercado regulado, formado pelas distribuidoras, Marques destaca que em breve será possível viabilizar parques eólicos somente com negociações no mercado livre. Isso porque, de acordo com o executivo, o preço que os agentes pagam nesse ambiente está acima do registrado no ambiente regulado.

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