12/08/2009

Inauguração Parque Eólico Praia Formosa

Será inaugurado no próximo dia 21 de agosto o parque eólico de Praia Formosa localizado em Camocim, estado do Ceará. Com 50 aerogeradores de 2,1 MW totalizando 104,1 MW, será o maior parque eólico do nordeste e o segundo maior do Brasil. Com a entrada deste parque, o Ceará passará a ser o estado com a maior geração de energia por fonte eólica do país.
Aproveito a ocasião para parabenizar os envolvidos neste projeto. Com informações de Sergio de Sousa - Diário do Nordeste de 10/08/2009.

11/08/2009

Chineses incluem energia eólica entre prioridades estratégicas, enquanto no Brasil essa alternativa ainda é pouco explorada.

Um dito atribuído ao romano Sêneca afirma que não existe vento a favor de quem não sabe a que porto quer chegar. A tirada se aplica bem à ausência de uma política audaciosa do governo brasileiro para fazer deslanchar as energias alternativas, em especial a eólica - a eletricidade gerada pelos ventos.
É o setor energético que mais cresce no mundo, tendo multiplicado por 15 a capacidade instalada de geração em dez anos. Dos 121 mil megawatts (MW) existentes em 2008, 403 MW (0,3%) estão no Brasil. Os campeões são os EUA (21%), a Alemanha (20%) e a Espanha (14%), mas a China chegou ao quarto lugar (10%) depois de duplicar a capacidade entre 2007 e 2008.
A administração Lula, que só pensa no pré-sal, mal acordou para o caráter estratégico dessa corrida. Contemplou a energia eólica, é verdade, em seu pouco ambicioso programa de fontes alternativas (Proinfa). Sem ele, o país ainda estaria no patamar de 29 MW (2005), como assinalou o jornal "Valor Econômico". Mas a capacidade atual representa menos de dois milésimos do potencial existente no território nacional, em particular no Nordeste e no Sul.
A energia dos ventos é cara, já se sabe, mas os preços estão caindo. Para ganhar escala, necessita de apoio e incentivos governamentais, como ocorreu com o Proálcool e como ocorre agora com os parques eólicos naqueles países que se decidiram a multiplicá-los, de olho na redução de gases do efeito estufa emitidos por termelétricas a carvão, gás e óleo e na diminuição de sua dependência de petróleo.
A eletricidade das turbinas de ar também é pouco confiável, porque os ventos variam muito. No Brasil, contudo, eles se apresentam mais intensos no período em que escasseiam as chuvas e se esvaziam os reservatórios das represas. Tem, portanto, a vantagem adicional de complementar o sistema hidrelétrico e aumentar a segurança do fornecimento de energia. Além do Proinfa, o governo federal criou no BNDES linhas especiais para financiar produção, exportação e instalação de turbinas, neste último caso gerando uma capacidade instalada de 300 MW. Há ainda um leilão específico para contratar energia eólica marcado para novembro, ao qual se habilitaram 441 projetos, que totalizam 13,3 mil MW. Uma boa surpresa, mas é imprevisível quantos deles se materializarão, se contratados, como ensina a experiência do Proinfa.
Compare-se isso com o caso da China, onde se constroem no presente seis parques eólicos com capacidade de 10 mil MW a 20 mil MW -cada um. Além da energia, o governo do país mais poluidor do planeta (ao lado dos EUA) espera gerar com eles demanda doméstica em escala suficiente para impulsionar sua própria indústria, à qual dá clara preferência nas licitações (já sob acusações de protecionismo). Pequim, como se vê, sabe exatamente o que quer: dominar o bilionário mercado de turbinas no futuro próximo.

Fonte: Editorial Folha de São Paulo - 10/08/2009

10/08/2009

Paulo Ludmer: Energia eólica, um bem ao pós-crise

Reproduzo abaixo artigo bastante esclarecedor do brilhante engenheiro e escritor. Foi publicado no DCI de 07/08/2009. Boa leitura.
Energia eólica, um bem ao pós-crise
Se o governo brasileiro pretende rapidamente se sair bem, depois da crise, deve priorizar recursos para o investimento em infraestrutura e conter a expansão de gastos correntes. Em energia, pode fazê-lo em eólica, a exemplo de Barack Obama.

O primeiro mito a desfazer é o de que a energia eólica é cara. Nada menos do que 46% dos gastos dos investidores, antes de o parque eólico iniciar sua operação, são encargos e tributos. A taxa é de 35% para novas hidroelétricas. Caras? Há uma pilhagem da coletoria que estraga as aparências. Nada paroquial, defendo a desoneração de toda a cadeia energética como essencial à retomada de padrões de competitividade da economia brasileira. Não é demais repetir que as usinas eólicas podem, em 18 meses, preencher com vantagens (são mais limpas e seu kWh é mais barato) as lacunas sujas e caras no Plano Decenal de Energia. Esses vácuos vão sendo criados nas projeções de oferta de energia nova, com a desistência de termoelétricas a óleo combustível e a diesel, que deixam de ser construídas devido ao câmbio e à dificuldade de crédito. Essas obras venceram leilões de energia nova e a EPE contava com elas.

Para o leilão exclusivo de energia eólica programado para 25 de novembro falta uma desoneração fiscal importante, que traduza uma aposta estratégica na energia obtida pelos ventos. É preciso dar força aos fabricantes brasileiros e àqueles que estão se esforçando para se instalar no Brasil. Uma ferramenta de governabilidade é a fiscal, e o Ministério da Fazenda emite sinais nesta direção. Também há que lubrificar as importações indispensáveis ao nascimento do Programa Eólico Nacional.

Não se cogita arrefecer os esforços na ampliação do parque hidroelétrico, até porque a eólica lhe é complementar. Mas é preciso elevar o casamento água-vento-biomassa por uma efetiva expansão das energias renováveis. Os grandes consumidores industriais não devem temer os preços das eólicas, por motivos de historicidade. O País precisa dispor do domínio dessa tecnologia; de seu marco regulatório; de seus recursos humanos; de seus efeitos ambientais; de sua geopolítica; de sua previsibilidade e de sua economicidade. Se um parque eólico robusto já estivesse operando, os grandes consumidores estariam economizando uma fortuna pela brutal redução nos Encargos de Serviços de Sistema. Ganhariam em PLD (preço spot), em menor risco de déficit e PMO (preço marginal de operação), livrando-se de hidrocarbonetos voláteis e importados. Por tudo isso, deve-se desejar absoluto sucesso ao leilão de eólica. Nele, há mais de 13 GW de projetos inscritos na Aneel, alguns preenchidos a caneta, de improviso sobre seu balcão de recepção.

Outros, contendo 600 páginas cada um, foram elaborados a pelo menos 30 mil euros por usina.Estamos em agosto, a dois meses do certame. Como a Aneel/EPE selecionará os 441 projetos? Quais serão os critérios? Haverá transparência? Nem o Operador Nacional do Sistema, nem a EPE, em suas projeções, incluíram a energia eólica de modo concomitante ao leilão. Estarão escondendo a quantidade que pretendem contratar? Estarão apostando num retumbante fracasso? O leiloeiro -o governo- é poderoso porque define o preço de partida e a quantidade que deseja negociar. Nos EUA vige o sistema de cotas de eólica impostas obrigatoriamente a cada distribuidora (não há estímulo à competição). Nos demais países em que a eólica prosperou aplicou-se o feed-in , algo como o Proinfa. Portanto, não é de estranhar que segmentos do setor eólico estejam cobrando do governo um Proinfa II, previsto em lei. Os preços de peças e componentes eólicos no mundo desabaram. Há elevados estoques, devido à crise. Há uma mão de obra muito qualificada, até treinada na Alemanha, excluída entre nós. Por isso o melhor seria, dentro de um Programa Eólico, realizar leilões regulares e sistemáticos. O leilão de 25 de novembro trará ótimos resultados se se desdobrar, digamos, em entregas picotadas, entre 2011, 2012 e 2013. Isso asseguraria previsibilidade e continuidade aos 2 mil fabricantes de peças e componentes, logística e parceiros securitários e financeiros, evitando descumprimentos de metas e prazos.

Fonte: Diário do Comércio, Industria e Serviços - DCI – São Paulo / SP – 07/08/2009

07/08/2009

Impacto da inclusão de aerogeradores na Qualidade de Energia e Estabilidade do Sistema Interligado

A medida que aumenta a quantidade de centrais geradoras de energia eólica no SIN cresce a preocupação com a influência dos aerogeradores sobre a qualidade de energia e sobre a estabilidade do sistema ainda que estes fatores sejam parte das próprias exigências dos órgãos reguladores nas diferentes fases do empreendimento.
Recomendo a leitura do artigo "Review of International Grid Codes for Wind Generation" elaborado por Natalia Sangroniz, José Arturo Mora e Mateus Duarte Teixeira. O artigo trata dos requisitos de rede para qualidade de energia e conexão de geração eólica em diversos países.
Foi brilhantemente apresentado junto com outros artigos pelos colegas Mateus e Guilherme Steilein no último CBQEE - Conferência Brasileira sobre Qualidade da Energia Elétrica, realizado esta semana em Blumenau.
Agradeço muito a colaboração do Mateus para este blog. Que seja a primeira de muitas!
O artigo pode ser baixado no link:

06/08/2009

Inauguração do Parque Eólico Praias de Parajuru

A Impsa e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) inauguram no próximo dia 20 o Parque Eólico de Praias de Parajuru - em Beberibe, estado do Ceará. Tenho orgulho de ter participado ativamente neste projeto juntamente com vários profissionais dedicados das empresas contratadas para a implantação do parque. Parabéns a todos envolvidos!

Para entender melhor o Brasil e seus problemas.

Sugiro a leitura do artigo do brilhante engenheiro e escritor Paulo Ludmer no link abaixo: http://www.canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Newsletter.asp?id=72969